Bolsonaro está 'amedrontando o eleitor', diz Kassab
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, disse que a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está amedrontando os eleitores. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Kassab disse que Bolsonaro "faz uma leitura totalmente equivocada" ao ameaçar a realização das eleições de 2022 caso o voto impresso não seja implementado no Brasil.
"Ele assusta, está amedrontando o eleitor, mostra uma face que ele não mostrou na campanha eleitoral em 2018. Na democracia, as pessoas querem ver o presidente dando exemplo. Isso afasta ele do eleitor", disse Kassab.
O presidente nacional do PSD disse que a fala de Bolsonaro é "lamentável" e afirmou que o sistema eleitoral brasileiro, com urnas eletrônicas, é "admirado no mundo inteiro".
"Mas as instituições são sólidas, vamos, sim, ter eleições com o sistema de apuração que for definido pelo Congresso Nacional e coordenado pela Justiça Eleitoral, como está definido na Constituição", disse.
Embora o PSD já tenha sido considerado parte da base de apoio do governo, atualmente existe um processo de distanciamento, principalmente de seu presidente Gilberto Kassab.
Recentemente, Kassab disse em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo que a possibilidade de reeleição de Bolsonaro era nula. Ele ainda tem trabalhado na possibilidade de o partido integrar uma candidatura da chamada 'terceira via'. Kassab já havia se posicionado de forma contrária ao voto impresso.
País nunca teve comprovação de fraude em urnas eletrônicas
Nos últimos dias, Bolsonaro têm intensificado o discurso, sem base em indícios ou provas, de que urnas eletrônicas são passíveis de fraude. Ele ainda ameaçou a realização das eleições de 2022 caso o voto impresso não seja aprovado. A insinuação infundada é a de que poderia haver fraude nas atuais urnas para derrotá-lo no ano que vem.
Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve comprovação de fraude nas eleições. Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE, mas também por investigações do MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos independentes.
Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou "votação paralela"). Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria.
Pelo menos desde março do ano passado, Bolsonaro tem afirmado possuir provas, embora não apresente, de fraude nas eleições de 2014 e de 2018. Sobre a primeira, ele afirma que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) teve mais votos que Dilma Rousseff (PT), eleita naquele ano. A respeito de 2018, ele afirma que uma fraude o impediu de ter derrotado o candidato do PT, Fernando Haddad, ainda no primeiro turno.
No dia 21 de junho, o TSE deu prazo de 15 dias para que o presidente forneça provas das alegações sobre a segurança das urnas. O prazo, porém, só vencerá em agosto, devido ao recesso judicial. Ainda não houve resposta de Bolsonaro no processo.
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