Fux autoriza representante da Davati a ficar em silêncio na CPI da Covid
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, deu a Cristiano Carvalho, representante da Davati Medical Supply, o direito de ficar em silêncio na CPI da Covid. O depoimento de Cristiano, que é investigado por ofertas de venda de vacina ao Ministério da Saúde, está marcado para amanhã.
Carvalho havia pedido ao STF autorização para faltar à audiência, mas não foi atendido. Na decisão, Fux determinou que ele é obrigado a comparecer e pode se calar apenas diante de perguntas que possam incriminá-lo, mas tem o dever de responder às demais.
Estes limites são os mesmos que Fux impôs para Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, e para Emanuela Medrades, diretora da empresa. Inicialmente, Medrades negou-se a responder a qualquer pergunta, o que levou a CPI a perguntar ao Supremo se ela estaria cometendo crime de falso testemunho ou desobediência.
Fux, então, declarou que a CPI tem autonomia para avaliar se um depoente está abusando do direito ao silêncio na CPI. Hoje, depois da determinação do ministro, Medrades voltou à comissão e respondeu a todas as perguntas.
Para os senadores, a decisão de Fux representou uma vitória, já que depoentes como Cristiano Carvalho, da Davati, poderiam até ser alvos de prisão caso neguem responder a perguntas que não os incriminem durante o depoimento.
Contradições
Carvalho foi citado na CPI pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que acusou o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, de ter cobrado propina para viabilizar a compra de 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca. Dias confirmou que se encontrou com Dominghetti, mas nega o pedido de propina.
Durante o depoimento, Dominghetti acusou o deputado Luis Miranda (DEM-DF) de tentar negociar vacinas em nome da Davati. Para isso, o PM mostrou um áudio de Miranda, que ele diz ter recebido de Carvalho. Luis Miranda afirma que o áudio não se refere à negociação de vacinas, mas, sim, de luvas cirúrgicas.
Carvalho, porém, declarou em entrevista ao Jornal O Globo que Dominghetti estaria "tentando aparecer", e que não tentou incriminar Miranda com o áudio.
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