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Bolsonaro não é super-homem e é insano fazer uso de sua dor, diz Omar Aziz

Do UOL, em São Paulo

16/07/2021 12h34

O presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), disse hoje que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), não é super-homem e que é "insano" fazer uso de sua dor e sofrimento.

Em entrevista à Globo News, Omar Aziz ainda criticou indiretamente ao vereador carioca Carlos Bolsonaro, a quem ontem atribuiu uma postagem no perfil do pai com ataque a membros da CPI.

Desde que foi internado com um quadro de obstrução intestinal, Bolsonaro compartilhou imagens de sua recuperação, o que foi visto por críticos como uma tentativa de obter ganho político e eleitoral com a sua doença.

"Aí vem um irresponsável qualquer tirando proveito da situação que o pai está querer ofender a CPI. Um garoto desse precisa ter responsabilidade. Quero discutir, debater com o presidente em plena forma. É um adversário político, mas aí desejar mal?", questionou.

"Não acho justo mostrarem imagens que nem filmes de terror mostrariam. Isso chega a espantar. O que essas pessoas são capazes de fazer? Isso é insano, usar a dor e sofrimento deste momento do Bolsonaro para tentar captar carinho? Queremos ele bem. Mas esse tipo de comportamento leva a crer que é isso", completou.

Omar Aziz, porém, apontou uma contradição no sentido de que, ao mesmo tempo que compartilha momentos de fraqueza, Bolsonaro tenta passar uma imagem de indestrutível que pode estar afetando sua saúde.

"Vou dar um conselho para o presidente? Ele deve ter traumas, está na quarta cirurgia, tem que cuidar da saúde, não pode estar andando de cavalo, de moto, tem que se cuidar. Não entra nessa onda achando que é super-homem", disse.

Omar ainda relembrou o comportamento do presidente durante a pandemia, como da vez que imitou uma pessoa sem ar para falar sobre a covid-19, para pedir que ele repense algumas atitudes.

"Você não e super-homem, presidente. É importante a sua solidariedade com os brasileiros, importante que o senhor pense bem neste momento, que você aproveite para repensar", afirmou.

Carlos Wizard

Na entrevista, Omar Aziz ainda fez um balanço do trabalho da CPI até o momento e citou especificamente o depoimento do empresário Carlos Wizard, que apresentou um habeas corpus e não respondeu a perguntas dos senadores.

"Aquele imbecil, bandido, mau-caráter daquele empresário chamado Carlos Wizard que a gente não pôde tomar depoimento correto porque ele conseguiu uma liminar?", disse.

"Não quis dizer qual a religião dele e diz qual que tem religião? E ainda vai vender um livro lá, dizendo: 'olha sabe no município tal? Morreram 5 pessoas. Sabe por quê? Porque estavam em casa; hahaha'. Aquele sim eu teria o prazer muito grande te dar voz de prisão a ele", completou.

Até o momento, Omar Aziz deu voz de prisão a um depoente, o ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.