'Abriu a caixa de Pandora', diz Randolfe sobre denúncia contra Pazuello
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, reagiu à denúncia da Folha de S.Paulo contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello por negociar a compra de 30 milhões de doses da vacina CoronaVac com intermediários. O valor oferecido formalmente a Pazuello era quase o triplo do valor de venda do Instituto Butantan, atual responsável pela fabricação da vacina no país.
"A CPI da Pandemia abriu a caixa de Pandora! Estão emergindo todos os esquemas do Governo Federal na compra de vacinas. Os brasileiros e brasileiras que morreram, não foram vitimadas apenas pela COVID-19!", escreveu o vice-presidente da comissão no Twitter.
Segundo o jornal, a reunião entre o ex-ministro e o grupo aconteceu fora da agenda da pasta no dia 11 de março e teve um resumo apresentado em vídeo pelo general. Ao lado de quatro pessoas da empresa World Brands, de Santa Catarina, responsável por trabalhos de comércio exterior, Pazuello fala sobre a negociação.
A CoronaVac é desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, responsável pela origem dos estudos e fornecedora dos insumos necessários para a fabricação da vacina. O Butantan faz parte da estrutura do governo de São Paulo, comandado por um dos rivais de Bolsonaro, o tucano João Doria (PSDB).
Em depoimento à CPI da Covid, no dia 19 de maio, Pazuello declarou que "não podia negociar" vacinas com empresas por ser o dirigente máximo do Ministério da Saúde.
"Pela simples razão de que sou o dirigente máximo, eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo. O ministro jamais deve receber uma empresa. O senhor [Renan Calheiros] deveria saber disso".
Pazuello sobre a rejeição de propostas de contrato da vacina da Pfizer
Veja a repercussão da denúncia entre outros políticos:
Doria classificou a denúncia como uma vergonha nacional. "Enquanto trabalhávamos para viabilizar a CoronaVac de forma segura e com preço justo, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em nome do Governo Bolsonaro, negava a vacina e superfaturava seu preço nos bastidores".
O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) relembrou o episódio dito por Pazuello ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante uma live com o atual mandatário. "Um manda, outro obedece", disse o general à época.
O vereador Lindbergh Farias (PT) declarou que a denúncia mostra que "governo lucrou com o atraso da vacinação e a morte de brasileiro".
O MBL (Movimento Brasil Livre), que apoiou a eleição de Jair Bolsonaro mas passou a criticar seu governo, afirmou que as denúncias envolvendo as negociações de vacinas no Ministério da Saúde "só pioram".
O perfil oficial do PSOL no Twitter chamou o caso de "mais uma mentira de Pazuello".
Já o partido PCdoB chamou a negociação de superfaturada e "fora da agenda".
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL) afirmou que é "suspeitíssimo" o encontro entre Pazuello e os intermediários.
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