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Bolsonaro diz que 'mudança ministerial' deve ocorrer na segunda-feira

O presidente Jair Bolsonaro reiterou que vetará o novo fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões - Reprodução/Facebook
O presidente Jair Bolsonaro reiterou que vetará o novo fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões Imagem: Reprodução/Facebook

Lucas Valença e Stella Borges

Do UOL, em Brasília e em São Paulo*

21/07/2021 09h49Atualizada em 21/07/2021 10h53

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que fará uma "mudança ministerial" na próxima segunda-feira (26). A declaração foi dada em entrevista à Rádio Jovem Pan de Itapetininga (SP).

"Estamos trabalhando, inclusive, uma pequena mudança ministerial que deve ocorrer na segunda-feira, para ser mais preciso, para a gente continuar aqui administrando o Brasil", disse, sem detalhar as ações.

Bolsonaro tem sido pressionado pelo Centrão a mexer na articulação política do governo.

Segundo a colunista do UOL Carla Araújo, fontes do primeiro escalão do governo informaram que a ideia é criar um novo ministério do Trabalho, que deverá ser chamado ministério do Emprego e da Previdência Social.

O nome mais cotado para o posto é o atual ministro da Secretaria Geral, Onyx Lorenzoni. Para o seu lugar no ministério palaciano seria deslocado o ministro Luiz Eduardo Ramos, que hoje ocupa a Casa Civil. Já o posto de Ramos deve ser ocupado por um integrante do centrão. O nome apontado é do senador Ciro Nogueira (PP-PI).

Aliados do governo avaliam que o mandatário precisa contemplar o Senado, principalmente agora quando está acuado pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid.

Veto ao fundo eleitoral

O mandatário reiterou que vetará o novo fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões, que foi aprovado no Congresso Nacional dentro do projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2022.

"Da minha parte, vou fazer aquilo que minha consciência manda fazer, eu vou vetar, e fica na mão do Parlamento derrubar o veto ou não", disse.

O texto aprovado pelo Congresso na semana passada aumentou o valor do fundo de R$ 1,7 bilhão para R$ 5,7 bilhões. Os recursos do chamado "fundão" são divididos entre os partidos políticos para financiar as campanhas eleitorais. Ele foi criado após a proibição do financiamento privado, em 2015, pelo STF (Supremo Tribunal Federal), sob o argumento de que as grandes doações empresariais desequilibram a disputa eleitoral.

'Economia está indo muito bem'

O presidente também chegou a defender a condução da economia pelo ministro Paulo Guedes e disse que a "economia está indo muito bem", mas ressaltou que ainda "falta melhorar a situação dos informais".

Bolsonaro, porém, voltou a jogar a culpa dos problemas econômicos nos gestores estaduais e municipais que optaram por fechar o comércio e tomar medidas de isolamento social para enfrentar a pandemia do novo coronavírus.

"Isso não está comprovado cientificamente", disse o presidente contrariando as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) e da comunidade científica.

Em seguida, porém, ao defender o uso do chamado tratamento precoce, o presidente fez uma piada homofóbica sobre o uso dos remédios sem comprovação científica para o tratamento da covid-19. De forma preconceituosa, o presidente riu e afirmou que a "Ivermectina mata bicha, toma cuidado".

Já em um outro momento da entrevista, o presidente insinuou que um processo de certificação do Hospital do Câncer de Presidente Prudente teria sido foco de possível corrupção. Bolsonaro, contudo, não apresentou provas.

"Você sabe o que eles passaram? Tinha negócio. Ou você acha que uma turma aí quer ministério para quê? Isso mudou, pô", afirmou.

G7 e CPI da Covid

Sobre as evidências coletadas pela CPI da Covid de possíveis irregularidades na aquisição da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde, Bolsonaro disse que os senadores tentam o "taxar de corrupto" mesmo sem ter uma prova de que o governo comprou o imunizante.

"Batem o tempo todo porque esse pessoal, em especial, o G7 da CPI, quer a volta da impunidade e da corrupção no Brasil. Basta você ver as três figuras mais importantes da CPI", declarou o presidente em referência aos senadores Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), presidente, relator e vice-presidente da comissão, respectivamente.

O mandatário tem afirmado que o governo não gastou "um centavo" com a Covaxin, o que é verdade. O que ele não contou é o Ministério da Saúde já havia reservado R$ 1,6 bilhão para a compra da vacina, negócio que só foi cancelado depois que o escândalo ganhou o noticiário.

Presidente diz que não decidiu se será candidato

Durante a entrevista, o mandatário disse ainda que não tem certeza de que será candidato à reeleição em 2022. "Eu não me lancei, ainda não sei se vou ser candidato", disse Bolsonaro, na sequência de uma crítica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem acusou de já ter se apresentado como presidenciável.

Lula também não assumiu ainda ser candidato oficialmente. Pesquisas eleitorais mostram que Bolsonaro pode ser derrotado pelo petista por uma larga margem em 2022.

Em conversa com apoiadores na segunda-feira, o presidente chegou a dizer que não sabe se seria candidato com o atual sistema de urnas eletrônicas. Ele está em campanha para aprovação pelo Congresso de um sistema com impressão do voto, mas a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) corre o risco de ser derrotada ainda na comissão especial que a analisa.

Diante da possível derrota da proposta, já admitida pelo presidente, ele insinuou que pode não se candidatar.

Bolsonaro defende, sem qualquer prova, que o sistema atual pode ser fraudado e chegou a dizer que não é possível que ele não tivesse ganhado a eleição ainda no primeiro turno, em 2018.

Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve comprovação de fraude nas eleições.

* Com informações do Estadão Conteúdo e Reuters