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'Não podemos voltar a um tempo de polícia política', diz Bonsaglia

Colaboração para o UOL

21/07/2021 08h55

Mario Luiz Bonsaglia, subprocurador-geral da República, falou sobre a escolha de Jair Bolsonaro (sem partido) de recondicionar Augusto Aras ao cargo de procurador-geral da República. Além disso, ao UOL News da manhã, Bonsaglia conversou a respeito do pedido da PF (Polícia Federal) de investigar o deputado Luis Miranda (DEM-DF) por uma possível denúncia caluniosa contra Bolsonaro.

"A polícia, especialmente a PF, não tem na Constituição as mesmas prerrogativas que o MPF (Ministério Público Federal). Mas nem por isso pode agir como órgão de governo, deve agir de maneira sempre republicana", comentou.

Segundo o subprocurador-geral, as funções reservadas para o MPF e a PF são reflexos da época de ditadura militar, "cujo fim levou a uma nova ordem jurídica no país". Com isso em mente, Bonsaglia ressaltou: "Não podemos voltar a um tempo de polícia política em nosso país".

"Transformar aquele que faz denúncia em suspeito a ser investigado é algo que desperta muita atenção e precisa ser acompanhado de maneira atenta", completou.

O subprocurador-geral foi um dos nomes na tradicional tríplice lista para subir ao cargo de procurador-geral, ao lado de Luiza Frischeisen e Nicolao Dino. No entanto, Bolsonaro decidiu mais uma vez ignorar as indicações e recondicionou o nome de Aras.

"A indicação à recondição não surpreendeu, era bastante provável", falou Bonsaglia. Ele confirmou ser crítico ao trabalho de Aras e foi justamente por isso que se lançou como possibilidade para o cargo. O desenrolar da CPI da Covid, segundo o subprocurador-geral, exige uma atuação mais forte do MPF e da PGR (Procuradoria Geral da República).

Para Aras ser confirmado na recondição, ele precisará passar por uma sabatina da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, mesmo local onde corre a CPI da Covid.

"O Senado terá oportunidade de questionar o procurador-geral sobre o que tem feito e o que fará com o relatório (da CPI) em poucos meses", disse Bonsaglia, antecipando o fim da comissão, que deve se encerrar nos próximos dois ou três meses.