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De interventor no Rio a escudeiro de Bolsonaro: quem é general Braga Netto

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

22/07/2021 14h40Atualizada em 22/07/2021 15h10

Um dos mais influentes e fiéis ministros do presidente Jair Bolsonaro, o chefe da Defesa Walter Braga Netto ganhou o noticiário hoje após o jornal o Estado de S. Paulo relatar que o ministro fez chegar ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o recado de que, se não houver voto impresso, não haverá eleições em 2022.

A mensagem teria sido foi levada a Lira no dia 8 de julho por um interlocutor sigiloso acompanhado dos chefes militares do Exército, da Marinha e Aeronáutica.

No mesmo dia, Bolsonaro disse, em conversa com apoiadores, que só haveria eleições em 2022 no Brasil "se elas fossem limpas", reforçando a defesa que faz do voto impresso e seu discurso infundado de ataques às urnas eletrônicas.

Na manhã de hoje, o ministro afirmou, sem parar para falar com a imprensa, que a informação revelada era "invenção e mentira".

Braga Netto no governo

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Ministro da Defesa general Walter Braga Netto
Imagem: UESLEI MARCELINO

Hoje general da reserva, Braga Netto já ocupou alguns dos cargos mais importantes na hierarquia militar. Foi comandante Militar do Leste e chefe do Estado-Maior do Exército, por exemplo. No governo, embarcou em fevereiro do ano passado, quando passou a ocupar o lugar de Onyx Lorenzoni na Casa Civil, uma pasta estratégica.

Conhecido como um "cumpridor de missões", ele foi a pessoa a quem o presidente recorreu para, em março deste ano, substituir o conciliador Fernando Azevedo e Silva no Ministério da Defesa. A troca gerou uma crise nas Forças Armadas ao ponto de a cúpula do Exército entregar seus cargos ao presidente, que já havia preparado suas demissões.

Interventor do Rio

Antes de chegar ao governo Bolsonaro, Braga Netto comandou —entre fevereiro de 2018 e janeiro de 2019— a intervenção federal do governo Michel Temer (MDB) na segurança pública do Rio de Janeiro. Na ocasião, ele foi criticado por deixar a operação depois de executar apenas 10% das verbas para as ações de segurança.

Para especialistas que acompanharam a gestão do militar no Rio, houve falta de planejamento e transparência nos gastos. A intervenção destinou R$ 1,2 bilhão para investimentos nas forças de segurança, que sofriam com a falta de equipamentos e infraestrutura em meio à crise fiscal do estado. No entanto, Braga Netto deixou o cargo depois de gastar apenas R$ 121,2 milhões.

A operação também acabou sem que fosse solucionado o assassinato da vereadora da cidade Marielle Franco (PSOL), assassinada em março de 2018.

Antes da intervenção no Rio. Braga Netto foi responsável pela segurança dos Jogos Olímpicos do Brasil em 2016, pouco antes de ser nomeado chefe do Comando Militar do Leste.

No Exército

Nascido em Belo Horizonte em 11 de março de 1957, Braga Netto, 64, é visto pelos pares como um líder bem articulado. No Exército desde 1975, ele atuou em divisões no Rio até 2004, quando comandou o 1º Regimento de Carros de Combate. Mas ele também esteve em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e em Ponta Grossa, no Paraná, onde comandou a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada.

Entre 2005 e 2006, foi enviado pela diplomacia militar brasileira à Polônia, quando ocupou, ainda coronel, o cargo de adido militar do Brasil. Ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi promovido a general de divisão em novembro de 2009. Em 2012, passou a ocupar o cargo de adido militar nos Estados Unidos e Canadá.

Em Washington, foi promovido a general de Exército, em 2013. No mesmo ano, um decreto assinado pela então presidente Dilma Rousseff (PT) concedeu ao general o grau de grande-oficial da Ordem do Mérito Militar.