23 capitais têm atos por voto impresso e Bolsonaro volta a ameaçar eleições
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a ameaçar as eleições de 2022 durante discursos, por meio de videoconferências, transmitidos hoje nos atos de seus apoiadores em defesa do voto impresso. O UOL acompanhou os discursos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília.
Pelo menos outras 20 capitais registraram manifestações: Salvador, Aracaju, Fortaleza, João Pessoa, Recife, Maceió, São Luís, Natal, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Macapá, Boa Vista, Palmas, Belém, Vitória, Cuiabá, Campo Grande e Goiânia.
Além da validação impressa do voto, principal pauta da mobilização, manifestantes também exibiram cartazes em apoio ao presidente e com críticas a adversários e aos outros Poderes, como o STF (Supremo Tribunal Federal). A hashtag #BrasilPeloVotoAuditavel foi uma das mais compartilhadas no Twitter hoje.
Também houve manifestações em algumas grandes cidades do interior dos estados, como Montes Claros (MG), Niterói (RJ), Ilhéus (BA), Campina Grande (PB), Balneário Camboriú (SC), Londrina (PR) e em Santos (SP).
Bolsonaro defende a implementação do voto impresso —ou seja, da impressão de um comprovante do voto nas urnas eletrônicas— e costuma colocar em dúvida a lisura das eleições no Brasil, caso não haja a mudança de sistema. No entanto, as suspeitas são infundadas. Até hoje, nunca houve qualquer prova ou mesmo denúncia relevante de fraude nas urnas eletrônicas.
Na quinta-feira (29), Bolsonaro dedicou sua live semanal ao tema, em diálogo com sua base de apoiadores. Na transmissão ao vivo, o governante reciclou uma série de boatos já desmentidos sobre supostas fraudes eleitorais, além de levantar suspeitas infundadas sobre os resultados de eleições anteriores. Ontem, Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral em evento no interior de São Paulo.
Hoje, para o público da capital federal, o presidente disse que pretende fazer "o que for necessário" para implementar a validação impressa do voto, o que permitiria, de acordo com os defensores da ideia, a "contagem pública" e a verificação transparente do resultado das urnas.
Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição. Nós que exigimos. Pode ter certeza. Vocês são de fato o meu Exército. O nosso Exército, para que a vontade popular seja expressa na contagem pública dos votos."
Jair Bolsonaro, presidente da República (sem partido)
"Se, depois dessas manifestações em vários locais do Brasil, algumas autoridades continuarem se mostrando insensíveis, sobre para mim uma última oportunidade. Repito: convocar o povo, convidar o povo de São Paulo a comparecer até a Paulista e, de acordo com esse efetivo, vocês realmente nos sinalizando como devemos nos comportar, esse desejo de vocês será cumprido aqui em Brasília. Porque sempre estaremos ao lado do povo, ao lado da democracia e lutando pela nossa liberdade", prosseguiu o presidente.
Além de deputados da base do presidente, compareceram ao protesto o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e auxiliares de Bolsonaro. No Rio, a deputada estadual Alana Passos (PSL-RJ) subiu em um dos carros de som e fez coro à reivindicação principal: "Não importa se é fé direita ou esquerda, o voto impresso é benéfico para todos".
Aos apoiadores no Rio, o presidente criticou o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Publicamente, Barroso já defendeu o processo eleitoral vigente.
Não podemos admitir que o ministro valide apenas a vontade dele, ele tem que estar subordinado à vontade popular. Pode ter certeza que se o povo assim decidir [pelo voto impresso auditável], que tem que ser dessa maneira, assim será feito."
Jair Bolsonaro, presidente da República (sem partido)
'Eleição limpa, democrática'
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) foi uma das primeiras a discursar em São Paulo, em cima de um caminhão: "Petistas, se no ano que vem vocês perderem a eleição para o Bolsonaro, vocês não vão querer contabilizar os votos? Oras, a gente está defendendo até o direito de vocês perderem com honra. Mas o que eles querem é ou ganhar na mão grande, ou se perder dizer que foi a urna eletrônica que teve fraude", afirmou a parlamentar.
Além de Zambelli, participaram da manifestação na Avenida Paulista o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Na ligação de vídeo transmitida aos manifestantes da Paulista, Bolsonaro disse que é obrigação do Estado "proporcionar uma eleição que tenha a contagem pública dos votos". "Uma eleição limpa, democrática, com voto impresso em papel e com auditoria pública [...] é importante para dar continuidade à nossa democracia", afirmou.
A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF, presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e autora da PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto impresso, também participou dos atos, com discursos para os apoiadores em Brasília e em São Paulo. Ela afirmou que Barroso articulou para barrar a discussão do voto impresso na Câmara.
A apreciação do tema ficou engavetada pelo ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (sem partido-RJ). Mas o atual, Arthur Lira (PP-AL), em sinal do seu compromisso com o presidente Jair Bolsonaro, autorizou a formação da Comissão Especial para tratar do voto impresso. A PEC está sob avaliação desta comissão.
Atos pró-Bolsonaro e a favor do voto impresso pelo Brasil
*(Com informações da Agência Estado)
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