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Bolsonaro diz que está 'libertando' indígenas: 'Não sabem o que é dinheiro'

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez declarações contra os povos indígenas hoje, em entrevista à rádio do RN - Adriano Machado/Reuters
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez declarações contra os povos indígenas hoje, em entrevista à rádio do RN Imagem: Adriano Machado/Reuters

Do UOL, em São Paulo

04/08/2021 15h30Atualizada em 04/08/2021 15h46

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez declarações racistas contra os indígenas afirmando que a gestão federal está "libertando" as diversas etnias, uma vez que, segundo o presidente, muitos "não sabem nem o que é dinheiro". As declarações de Bolsonaro foram feitas hoje, em entrevista a uma rádio do Rio Grande do Norte.

Bolsonaro havia sido questionado sobre ter conhecimentos ou não a respeito da moeda virtual bitcoin, ao que respondeu que não sabia, assim como "99%" dos que estariam ouvindo a entrevista.

Na sequência, Bolsonaro disse que a Funai (Fundação Nacional do Índio) teria destinado R$ 50 milhões para os indígenas "mexerem com bitcoin". O presidente também se declarou feliz com sua gestão por estar "libertando os índios".

Com todo respeito, a grande parte não sabe nem o que é dinheiro. Nós estamos libertando os índios. Projeto anterior, o índio cada vez mais produzindo, como os parecis, um orgulho para nós. Estamos estimulando agora os bacairis, os caiapós, ianomâmis
Jair Bolsonaro

'Chega de demarcação indígena e quilombola'

Durante a mesma entrevista, o presidente Jair Bolsonaro disse que o campo está feliz com o governo federal porque a sua gestão não demarca mais terras indígenas. Segundo o presidente, 14% do território nacional é demarcado para os povos originários.

Chega. Você fica pensando como é que pode 10 mil índios terem uma área equivalente a duas vezes o estado do Rio de Janeiro, como os ianomâmis. Chega, não dá mais porque a intenção disso é inviabilizar a agricultura, inviabilizar o agronegócio do Brasil e virar um conflito
Jair Bolsonaro

Bolsonaro disse ainda que "acabou o Brasil" se mais espaços e direitos forem concedidos aos indígenas.

Invasões em terras indígenas sobem 135%

O Cimi (Conselho Indigenista Missionário), vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou em setembro de 2020 que as invasões em terras indígenas, explorações ilegais de recursos naturais e danos ao patrimônio mais que dobraram ao longo do primeiro ano de gestão do presidente Bolsonaro.

Os números passaram de 109 casos, em 2018, para 256 em 2020, o que representa um crescimento de 135%.

Houve ainda um aumento de casos em 16 das 19 categorias de violência contra indígenas compiladas pela publicação, incluindo as "mortes por desassistência", que passaram de 11, em 2018, para 31 em 2019.

Também foram aumentadas as ameaças de morte, que cresceram de oito para 33, as lesões corporais dolosas, que subiram de cinco para 13, e as mortes de crianças de zero a cinco anos, que passaram de 591, em 2018, para 825 no ano passado.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.