PF abre inquérito para apurar vazamentos de informações repassadas à CPI
A PF (Polícia Federal) confirmou que vai abrir um inquérito para investigar o vazamento de depoimentos sigilosos repassados para a CPI da Covid. Os relatórios são de dois casos em apuração pela PF, um avalia as suspeitas de prevaricação por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o outro trata de possíveis irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.
No comunicado, a PF esclareceu que as informações repassadas para a CPI da Covid deveriam respeitar o sigilo do material para obedecer as ordens processuais penais e "com o objetivo de resguardar o andamento das investigações".
Segundo nota da PF, o pedido de inquérito foi enviado à CPI da Covid e ao STF (Supremo Tribunal Federal). A polícia não divulgou quais serão os alvos da investigação ou por qual unidade ela acontecerá.
Um dos depoimentos prestados à polícia que se tornou público é o da diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades. Durante o testemunho, Emanuela explicou como o contrato do Ministério da Saúde com a Precisa para a compra da Covaxin avançou tão rápido. Segundo ela, foi porque a empresa intermediária acatou todos os pedidos da pasta.
"Diferente, né, na contramão do que as outras produtoras, representante, vinham fazendo muito, e pedindo que o ministério se responsabilizasse pelo produto, e que enfim houvesse por exemplo pagamento antecipado", disse. "A velocidade se deu principalmente por conta disso, pela falta da resistência da Precisa em atender às cláusulas do Ministério da Saúde", completou.
Reação na CPI da Covid
A abertura do inquérito, no entanto, foi mal recebida na comissão da pandemia. O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que não será intimidado pela decisão.
"A Polícia Federal manda para cá depoimentos incompletos e depoimentos com suspeita de edição. O ministro da Justiça dá entrevista intimidando membros da CPI, dizendo que tipo de investigação tinha que ocorrer aqui. O senhor presidente transformou a honrosa Polícia Federal em polícia política", acusou.
O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), concordou com o colega. "Nos entristece muito isso. É um fato atrás do outro que vem acontecendo, está difícil trabalhar. A CPI está trabalhando com estrutura mínima, não pense que temos por trás uma assessoria, pelo contrário. Pede-se informações para a Secom, não chegaram nem 50% das informações até hoje", falou.
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