Após polêmica, Janaína volta a criticar doação de alimentos na Cracolândia
A deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) voltou a criticar a doação de alimentos na Cracolândia hoje nas redes sociais, questionando se o ato seria caridade.
"O cidadão tem R$ 5 no bolso. É dependente químico. Vive no lugar onde a droga é vendida. Se não precisa gastar nem R$ 2 no almoço, quanto ele vai usar em droga? É caridade alimentá-lo ali? Entendo que não! Respeito quem pensa diferente, só não compreendo a reação!", escreveu ela no Twitter.
A parlamentar já havia defendido essa opinião no último fim de semana, repreendendo o padre Júlio Lancellotti e a Pastoral do Povo de Rua, que ele coordena e que atua na região.
Segundo o padre, as doações para a Pastoral "explodiram" desde a repercussão das declarações polêmicas de Janaína.
"As doações explodiram, 10% [do total] em um dia. Foi só o que ela publicou repercutir que as minhas redes sociais começaram a apitar", conta Lancellotti.
O telefone da paróquia não para de tocar. Eu já deixei o número do Pix [da pastoral] anotado para as meninas, porque é o que todos querem.
Júlio Lancellotti, padre
No sábado (7) à noite, Janaina foi às redes sociais reclamar sobre a atuação da pastoral. Para ela, a doação de comida no local, onde moradores em situação de rua usam drogas abertamente, "só estimula o crime".
"Não sei porque ela veio falar sobre isso, nós nem a provocamos. Mas ela está muito equivocada. O que estimula o crime é a corrupção, não os alimentos", afirmou.
Na postagem, a deputada disse que os voluntários ajudariam mais "se levassem os dependentes a abrigos". Lancellotti diz que é uma visão simplista. "Convido ela para vir aqui debater, conversar conosco e ver essa realidade", completou.
Fechamento da Cracolândia
As falas da deputada aconteceram após o impedimento dos voluntários da pastoral para a distribuição de comida na Cracolândia, na região da Luz, no centro de São Paulo.
Segundo Vanessa da Silva, agente da pastoral, policiais militares impediram a entrada sob a justificativa que teria limpeza e havia procura de traficantes no local.
"Eles chegaram com armamento dizendo que a gente [voluntários] quebrou a barreira policial, apontando armamento. Pegaram até uma documentação de um voluntário", conta Vanessa. O clima ficou mais tenso e eles tiveram de sair. Ontem, nem foram porque seriam impedidos.
Segundo a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), a Polícia Militar só intervém "em situações de quebra da ordem ou quando acionada pela GCM", o que teria ocorrido no sábado.
"A PM atuou no entorno da área, interrompendo temporariamente o trânsito de veículos e o fluxo de pedestres, visando a segurança de todos e a preservação do patrimônio. A ação deflagrada no último sábado durou pouco mais do que 10 minutos e foi encerrada sem o registro de ocorrências", respondeu a secretaria ao UOL.
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