CPI da Covid ouve diretor de farmacêutica que aumentou lucro com kit covid
A CPI da Covid ouve hoje, a partir das 9h30, o executivo Jailton Batista, representante da Vitamedic, empresa que obteve crescimento exponencial nas vendas de medicamentos relacionados ao chamado kit covid.
O kit é um conjunto de remédios, como cloroquina e ivermectina, que não tem efeito contra a covid e que é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como alternativa de enfrentamento à pandemia do coronavírus.
As vendas da Vitamedic cresceram mais de 1.000% somente no caso da ivermectina, de acordo com apuração feita pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Relatórios enviados ao colegiado indicam que o número de comprimidos comercializados saltou de 24,6 milhões, em 2019, para 297,5 milhões, em 2020.
O preço médio da caixa com 500 unidades de ivermectina subiu de R$ 73,87 para R$ 240,90 — elevação de 226%.
O debate sobre o incentivo do governo federal a fármacos sem eficácia no combate à covid é um dos pontos de interesse da CPI da Covid, no Senado, que investiga se houve erros do Ministério da Saúde, por ação ou omissão, durante a pandemia.
As discussões mobilizam defensores e críticos de remédios como a hidroxicloroquina e costumam acirrar os ânimos tanto nas audiências como nas redes sociais.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), líder da bancada feminina no Senado, afirmou que o depoimento de Jailton será, "no mínimo, interessante" para se entender até que ponto defensores da chamada imunidade de rebanho e do uso de medicamentos ineficazes contra a covid-19 agiam assim por "pura ideologia", e se havia também a "ideologia de ganhar dinheiro fácil".
Jaílton comparece hoje à comissão por sugestão da própria Vitamedic. O requerimento original, de autoria do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sugeria a presença de um dos donos da companhia, o empresário José Alves Filho. O convocado alegou, no entanto, que poderia responder apenas sobre "investimentos fabris e novas aquisições". O subordinado, por sua vez, estaria apto a prestar esclarecimentos relacionados a questões operacionais.
Jaílton será o segundo depoente nesta semana a ser ouvido pela comissão do Senado. Ontem, os senadores ouviram o tenente-coronel da reserva e presidente do Instituto Força Brasil, Hélcio Bruno de Almeida.
Ele afirmou nunca ter presenciado oferta ou cobrança de propina durante as conversas do Ministério da Saúde com a Davati —empresa americana que tentou vender, entre fevereiro e março deste ano, um suposto lote de 400 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca.
Ainda, disse que, para a reunião no ministério em 12 de março, decidiu "compartilhar a agenda" com a Davati porque havia interesse em discutir com o governo a possibilidade de acelerar tratativas em favor da autorização para que o setor privado pudesse adquirir vacinas.
Amanhã, o colegiado deve ouvir o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR). O parlamentar será cobrado a explicar suposto envolvimento nas tratativas de compra da vacina indiana Covaxin.
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