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Barroso cita eleições nos EUA e aponta: 'para a má-fé não temos solução'

4.mar.2020 - O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, durante sessão extraordinária da Corte - Carlos Moura/SCO/STF
4.mar.2020 - O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, durante sessão extraordinária da Corte Imagem: Carlos Moura/SCO/STF

Do UOL, em São Paulo

12/08/2021 14h51Atualizada em 31/08/2021 19h59

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, disse hoje que não há solução para a má-fé ao anunciar a ampliação nos processos de auditoria das urnas eletrônicas na abertura da sessão da Corte.

Barroso é alvo de críticas constantes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O atual mandatário acusa o presidente do TSE de agir no Congresso para influenciar parlamentares a barrarem a PEC do voto impresso — que foi rejeitada na Câmara dos Deputados esta semana. Na sexta-feira (6), o presidente chamou Barroso de "filha da p...." em um vídeo que circula as redes sociais.

"Nós nos dirigimos a todas as pessoas de boa-fé. Para a má-fé nós não temos solução. Nós combatemos o ódio, a mentira, a desinformação e os ataques descontrolados com amor ao Brasil, verdade, transparência, educação e respeito ao próximo porque esse é o país que nós queremos. E a gente na vida ensina, sendo", disse Barroso.

Ao longo do discurso, o também ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) declarou, sempre se referindo às pessoas de "boa-fé", apesar delas pensarem que o voto impresso poderia ser um mecanismo a mais de autoria e segurança das eleições, isso não é verdade.

O presidente do órgão também afirmou que nenhum membro da corte é candidato a algum cargo eleitoral. Na semana passada, Bolsonaro afirmou a anulação das condenações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocorreu para eleger o petista "dentro de uma sala escura do TSE" e disse que Barroso deve ter alguma relação com o seu concorrente e deveria concorrer como vice do petista nas próximas eleições.

"Gostaria de dirigir uma palavra as pessoas que, de boa-fé, defendem a ideia de voto impresso e acreditam — ou acreditavam — que ele pudesse ser um mecanismo a mais auditoria. Me dirijo a essas pessoas para dizer que, apesar de isso parecer natural e lógico, na verdade não seria assim. Nós do TSE defendemos a posição contrária ao voto impresso por considerar que ela faria mal à democracia brasileira e a integridade do sistema eleitoral. Nenhum de nós aqui é candidato a coisa alguma. Nós só queremos o bem do Brasil."

Barroso também comentou a vitória do democrata Joe Biden contra o republicano Donald Trump nos Estados Unidos. Citando o uso do voto impresso no país norte-americano, o ministro disse que mais da metade os republicanos pensam que houve fraude nas eleições com o uso do sistema que é uma das bandeiras de Bolsonaro.

"A verdade é que não há remédio, na farmacologia jurídica, para maus perdedores. Tanto o voto impresso não é mecanismo adequado e suficiente de auditoria que nos EUA, onde há voto impresso, liderados pelo candidato derrotado, 66% dos republicanos acham que houve fraudes nas eleições e que Joe Biden não venceu. Apenas para demonstrar que o voto impresso não impede o argumento de fraude de quem não queira, democraticamente, aceitar o resultado das eleições."

O presidente do TSE ainda ressaltou diversas vezes a eficácia das urnas eletrônicas e afirmou que o sistema de votação eletrônico brasileiro, adotado desde 1996, tem constantes aprimoramentos e atualizações. O ministro também relembrou que "nunca se comprovou qualquer fraude" desde a implantação do sistema no país.