Comandante diz que não há interferência política no Exército
O comandante do Exército, o general Paulo Sérgio Nogueira, disse ao jornal O Globo que "não há interferência política" na Força e que tem o apoio do Alto Comando. A declaração ocorre depois de uma semana tensa, com a presença do presidente Jair Bolsonaro em um desfile de tanques e blindados por Brasília.
Segundo o jornal, as duas frases de Nogueira foram concedidas em contato telefônico após a participação do general ao lado de Bolsonaro em um evento da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) ontem.
"Não há interferência política no Exército. O Alto Comando está com o comandante", disse.
Na terça-feira (10), Nogueira também esteve ao lado de Bolsonaro e dos chefes militares da Aeronáutica (Carlos de Almeida Baptista Júnior) e Marinha (Almir Garnier) para o desfile de tanques e blindados na praça dos Três Poderes.
A marcha ocorreu no mesmo dia da votação da PEC do voto impresso na Câmara e foi vista por oposicionistas como uma tentativa de intimidação. Mais tarde, o plenário da Câmara rejeitou o projeto, que era defendido de forma veemente por Bolsonaro, inclusive com ameaças às eleições de 2022 caso não fosse aprovado.
O chefe da Marinha alegou coincidência de datas, dizendo que a entrega do convite para Bolsonaro assistir à Operação Formosa, exercício militar que é realizado anualmente, já estava marcada na semana anterior. Porém, foi a primeira vez que tanques e blindados marcharam pela praça dos Três Poderes para a formalidade.
Segundo a colunista do UOL Thaís Oyama, o Alto Comando do Exército pressionou o comandante Paulo Sérgio Nogueira para não atender à convocação do ministro da Defesa, Braga Netto, para participar da cerimônia de entrega do convite.
Com a declaração ao jornal O Globo, o comandante do Exército tenta esfriar mais um momento de tensão desde que assumiu o cargo, em março deste ano, após crise militar deflagrada pela demissão sumária do ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva e que culminou na saída em bloco dos três comandantes das Forças.
Neste período, Nogueira viveu um outro momento polêmico, com a decisão de não punir o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, pela participação em um ato político de Bolsonaro em São Paulo. Houve relatos de descontentamento de parte do Alto Comando com a opção do chefe do Exército.
Como pano de fundo, Bolsonaro frequentemente tenta sinalizar em discursos que conta com o apoio incondicional das Forças Armadas, usando expressões como "meu Exército". Oposicionistas enxergam na postura do presidente da República um flerte com a possibilidade de ruptura institucional e cobram dos chefes militares um maior distanciamento.
Porém, em julho uma nota conjunta do ministério da Defesa e dos comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha elevou a preocupação com uma possível interferência política nas Forças Armadas.
Na ocasião, os chefes militares repudiaram declarações do presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), sobre o envolvimento de alguns militares em casos de corrupção. "As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano", dizia a nota.
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