Governadores pedem reunião com Bolsonaro e outros Poderes por democracia
O coordenador do Fórum Nacional de Governadores, o governador Ibaneis Rocha (MDB-DF), oficializou nesta noite o convite ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e aos demais chefes de Poderes para um encontro de pacificação entre as instituições.
A intenção de reunir Bolsonaro e os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, foi anunciada mais cedo após uma conferência que contou representantes de 24 estados e do Distrito Federal.
No documento, Ibaneis pede o agendamento de uma audiência "com o propósito de identificar e pautar pontos convergentes e estratégias visando salvaguardar a paz social, a democracia e o bem-estar socioeconômico da população brasileira".
O movimento feito pelos governadores é uma reação às ações do presidente, que, nas últimas semanas, intensificou seus ataques a ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral, colocou sob dúvida a realização das próximas eleições e apresentou ao Senado um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes na última sexta-feira (20).
Nesta segunda, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também voltou a pedir a retomada do diálogo institucional e disse que não admitirá nenhum tipo de retrocesso no Estado democrático de Direito.
"Pedi ao ministro Luiz Fux [presidente do STF] que houvesse a iniciativa da reunião entre os Poderes", disse Pacheco em evento do Secovi, sindicato patronal do mercado imobiliário.
Fórum dos governadores
Nesta manhã, aconteceu o Fórum dos Governadores — com a maioria dos presentes participando de forma virtual. Apenas o Tocantins e o Amazonas não enviaram representantes.
No evento, não faltaram críticas ao comportamento de Bolsonaro e houve unanimidade sobre a avaliação de que o clima de instabilidade política é prejudicial para todos. A ideia de um manifesto formal contra o presidente, no entanto, dividiu opiniões, especialmente porque poderia apenas ampliar o clima de instabilidade, sem resolver a situação.
Para sair do impasse e não deixar de mandar uma clara mensagem de insatisfação ao presidente, a ideia de marcar uma agenda com Bolsonaro e com os outros representantes de Poderes foi proposta pelo governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).
A sugestão foi tratada pelos governadores como uma espécie de tentativa final de restabelecer alguma normalidade no país e que poderá servir para que Bolsonaro tenha uma espécie de "saída honrosa" para recuar dos ataques que vêm fazendo contra ministros do Supremo e das suas ameaças às eleições do próximo ano.
"Temos de estabelecer que este é um país que tem eleitores do PT, do PSB, do MDB. Mas todos nós trabalhamos com uma única coisa: o bem-estar comum. Quando queremos levar essa conversa para o presidente é porque aqui não tem ninguém nem contra, nem a favor dele. Somos a favor de um país que merece, sim, um tratamento melhor das suas instituições para que a gente entre numa normalidade", disse Ibaneis Rocha.
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