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Sakamoto: '7 de setembro é puro marketing pela sobrevivência de Bolsonaro'

Do UOL, em São Paulo*

26/08/2021 14h26Atualizada em 26/08/2021 15h55

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto disse hoje, ao UOL News, que as falas em tom de ameaça do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e sua possível participação nas manifestações pró-governo no dia 7 de setembro são uma "peça de marketing pela sobrevivência" do atual mandatário. O feriado nacional marca o dia da Independência do Brasil.

"Ele [Bolsonaro] precisa mostrar que tem poder para isso [dar um golpe], que tem bala na agulha e para isso ele precisa encher de gente [no ato]. Eu acho que o protesto deve ter gente, lógico, deve ser até maior que o 1ª de maio. Não acho que vai ser um protesto daqueles memoráveis iguais ao do impeachment", começou.

E completou o colunista: "Mas ele precisa gerar essa narrativa, gerar fotos, precisa ter foto de policial batendo continência para ele, de caminhoneiro apoiando. Que mostre para esses apoiadores que estão ao lado dele para continuarem ao lado dele pelo menos enquanto ele está atravessando esse momento difícil. Ou seja, 7 de setembro é uma peça de marketing pela sobrevivência de Bolsonaro".

Para Sakamoto, o esforço de bolsonaristas para fazer um grande protesto pró-governo "nunca foi tão grande" como agora no próximo dia 7. O comentarista do UOL News Joel Pinheiro informou em sua fala que os apoiadores do presidente estão fretando ônibus com destino à Avenida Paulista, em São Paulo, e Brasília para a participação nos atos.

Hoje, o presidente disse em entrevista à rádio Jornal Pernambuco, que as manifestações em favor do governo previstas para o dia 7 de setembro terão como agenda "democracia e liberdade acima de tudo". Bolsonaro reafirmou o compromisso de comparecer ao ato na Avenida Paulista, em São Paulo, onde deverá discursar aos presentes.

"Pretendo, sim, participar do evento na (Avenida) Paulista, onde devo chegar por volta das 15h30. E aí, sim, em um pronunciamento mais demorado, falar com a população, dar uma mensagem de esperança e também mostrar para o mundo o quanto o povo está preocupado com o seu futuro", afirmou.

Joel e Sakamoto concordaram que, agora, Bolsonaro não tem condições de dar um golpe e tomar o poder no país.

"Quando dizem 'não, porque vai ter golpe, as polícias vão tomar o poder e fazer um grande motim', duvido também. Eu acho que o bolsonarismo neste momento queimou todas suas pontes institucionais, políticas. Veja como está o Bolsonaro no Congresso. Não aprova nada que senadores e deputados não queiram. Voto impresso, ridículo pedido de impeachment contra ministros do Supremo, nada vai para frente. A última cartada dele é o apoio de uma parte da população somado a um certo medo, uma certa ameaça, que ele deixa no ar. A partir do momento que a gente vê que essa ameaça é totalmente furada, que Bolsonaro é um cão que ladra, mas não morde, ele vai perder inclusive essa carta", concluiu Joel.

*Com informações do Estadão Conteúdo

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.