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'Policial de folga é um cidadão', dizem especialistas sobre PMs no dia 7

Colaboração para o UOL, no Rio

02/09/2021 10h51Atualizada em 02/09/2021 12h08

A convocação de manifestações para o próximo 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil, tem gerado um amplo debate no país, principalmente pelo envolvimento de policiais militares. De um lado, há quem seja contra a participação de agentes das forças de segurança em atos políticos. Por outro lado, existem aqueles que não veem problema.

Por isso, o UOL Debate de hoje reuniu especialistas para destrincharem a questão. Ao se debruçarem sobre o assunto, eles disseram não ver problema no PM de folga participar de manifestações.

"A Constituição assegura o direito de manifestação e reunião. Quem está de folga, não vejo problema em estar lá. Seria criminalizar o ato que está respaldado na Constituição. Não vejo porque um policial de folga não possa estar nesses ambientes públicos", afirma José Vicente, ex-secretário Nacional de Segurança Pública e coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo.

O capitão veterano do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da PM do Rio Paulo Storani também acompanha o ex-secretário Nacional de Segurança Pública, defendendo que "antes de mais nada, o policial militar é um cidadão". Ele cita regras disciplinares das PMs para respaldar a participação desses agentes em atos políticos.

Se começar a fazer cerceamento dessa categoria profissional torna-se preocupante. O único momento que o militar teria condições de se manifestar é o momento como esse, se há uma pauta que vai ao encontro de seus interesses. Ele tem o direito sim, ele é alcançável, basta que siga a ordenação disciplinar da corporação
Paulo Storani

Politização

Apesar de ser a favor da participação de PMs que estejam de folga em atos políticos, Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, vê com preocupação a politização das forças de segurança no país. Para ela, esse 7 de setembro "é o cume" desse processo.

"Em se tratando de uma instituição que tem o monopólio da força, que pega em armas em nosso nome, em nome do Estado, é preciso tratar essa questão de outra forma, com regras e regulamentos muito específicos. Ao mesmo tempo, como é que a gente garante a liberdade de expressão desses profissionais?", afirma Carolina.

A especialista defende que os PMs são cidadãos que precisam ter direito à manifestação política. Ela, no entanto, vê nesses agentes a necessidade de uma responsabilidade maior ao se envolver com esses movimentos.

Quando a gente permite a participação política de várias formas, seja numa eleição, seja num protesto, sejam os policiais youtubers, que é outro fenômeno, a linha entre a política de segurança pública, que precisa ser muito técnica e imparcial, fica mais tênue
Carolina Ricardo