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Bolsonaro diz que atos de 7/9 eram contra 'retrocessos'

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

11/09/2021 13h54

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou neste sábado (11) que seus apoiadores foram às ruas no dia 7 de setembro porque não aceitam "retrocessos". "Senti os reais motivos pelos quais esse povo foi às ruas", disse. "Em primeiro lugar, foi para realmente dizer que não aceita retrocessos". A declaração acontece depois do presidente acenar trégua de ataques aos Poderes em carta à população publicada na última quinta-feira.

As declarações foram feitas em Esteio (RS), a 25 quilômetros de Porto Alegre, dias depois de o presidente ameaçar o Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciar que descumpriria eventuais ordens judiciais determinadas por um dos ministros, Alexandre de Moraes. Dois dias depois das afirmações golpistas e antidemocráticas, Bolsonaro contemporizou, com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB). O presidente argumentou que fez as declarações "no calor do momento" e que buscaria recursos judiciais para reverter o que considera injusto. "

Hoje, Bolsonaro afirmou que alguns poderiam imaginar que ele estava em "um momento de glória", mas declarou que foi "apenas um na multidão". O presidente disse que "o povo quer respeito à Constituição por parte de todos" e a defesa da "liberdade".

Em Esteio, Bolsonaro participou de uma feira com produtores rurais, quando recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha. O agronegócio é um importante pilar da sustentação política de Bolsonaro. Agricultores financiaram os atos de 7 de setembro, enviaram caminhões para manifestações pró-Bolsonaro e participaram de bloqueios em rodovias nos dias seguintes.

Neste sábado, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), citou um dos objetivos da vista de Bolsonaro a Esteio: "Comemorar com os produtores rurais do Rio Grande do Sul todo o apoio que nós temos do setor".

O presidente acenou aos agricultores e criticou o voto do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin sobre a demarcação de terras indígenas. O magistrado votou contra a existência de um marco temporal para dizer quando novas áreas não poderiam ser concedidas às populações tradicionais.

Se a proposta [o voto] do ministro Fachin vingar, será proposta a demarcação de novas áreas indígenas que equivalem a uma região Sudeste toda, ou seja, é o fim do agronegócio"
Jair Bolsonaro, presidente

Momento ainda é conturbado, afirmou

O presidente disse que "vivemos momento ainda um pouco conturbado" na relação entre os poderes. "Não é hora de dizer se ou aquele poder saiu vitorioso", emendou. "A vitória tem que ser do povo".

O presidente ainda disse que é difícil exercer seu cargo.

A vida do presidente não é fácil. Se alguém quiser trocar comigo, troco agora"
Bolsonaro

Segundo ele, nem tudo é possível de ser feito. "Não podemos fazer a coisas na velocidade que muitos querem, mas a gente vai aos poucos redirecionando o futuro do nosso país", afirmou. "Temos Três Poderes, [que] têm que ser respeitados". Ele defendeu a busca do entendimento.

Presidente ignorou uso de máscara

Na Expointer, em Esteio, Bolsonaro visitou pavilhões e cumprimentou populares. Ele estava acompanhado dos ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, da Agricultura, Tereza Cristina, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. Houve aglomeração de pessoas querendo tirar fotos ao lado do presidente. Mas Bolsonaro e Onyx não utilizavam máscaras, ao contrário de Cristina e Heleno.

O equipamento é obrigatório durante a pandemia de coronavírus. Segundo a rádio Gaúcha, o parque de exposições Assis Brasil, onde se realiza Expointer, obriga que os participantes utilizem máscaras.

O deputado Bibo Nunes (PSL-RS), também sem máscara, contou que veio com o presidente no avião entre Brasília e Porto Alegre. Ele comentou que um dos filhos do presidente, "Carlos Bolsonaro está namorando uma gaúcha" e que o deputado Eduardo Bolsonaro já é casado com outra.

O presidente deve retornar a Brasília no final do dia.