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Vieira cita Nise como possível elo entre gabinete paralelo e Prevent Senior

Do UOL, em São Paulo

22/09/2021 10h43Atualizada em 22/09/2021 12h11

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), suplente da CPI da Covid, citou o nome da médica Nise Yamaguchi como um possível elo entre o chamado 'gabinete paralelo' e a Prevent Senior, que é alvo de investigações da comissão após denúncias de que a operadora de saúde forçou médicos a receitarem remédios sem eficácia comprovada para a covid-19.

Em entrevista ao UOL News, o senador reforçou a visão já manifestada por outros integrantes de oposição da CPI de que documentos apontam que o grupo que teria assessorado informalmente Bolsonaro às margens das determinações do Ministério da Saúde estaria por trás da iniciativa da Prevent Senior.

"A inferência que temos é da Nise Yamaguchi fazendo esse papel, de interface entre o gabinete paralelo, o presidente da República e a direção da Prevent Senior. Tenho defendido que é preciso ouvir esses profissionais que estão fazendo as denúncias, além de aprofundar um pouco mais a documentação", disse Alessandro Vieira quando questionado sobre quem era o elo da Prevent Senior e integrantes do Governo Federal.

Nise Yamaguchi é apontada por parte dos membros da CPI como integrante do chamado "gabinete paralelo", que teria assessorado informalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia da covid-19 e apoiado o uso da cloroquina contra a doença, para a qual não tem eficácia científica comprovada.

O UOL entrou em contato com a equipe de Nise Yamaguchi e adicionará seu posicionamento assim que receber uma resposta.

Prevent Senior

Hoje, a CPI da Covid ouvirá o diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior. Ele será cobrado a explicar se a Prevent Senior pressionou os seus profissionais de saúde a receitar medicamentos do chamado "kit covid" em pacientes com o novo coronavírus. O conjunto de remédios, ineficazes contra a covid-19, inclui a cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e a azitromicina.

A suposta pressão interna foi denunciada por médicos ligados à rede da Prevent Senior. De acordo com os relatos, a empresa se alinhou ao discurso de Bolsonaro e do governo federal. Na contramão da ciência, o governante tem sido entusiasta desde o começo da pandemia do uso de remédios como a hidroxicloroquina no enfrentamento à covid-19 — ontem o presidente voltou a defender o falso tratamento precoce com esses medicamentos.

Segundo Alessandro Vieira, o depoimento também deve abordar estudos feitos pela operadora de saúde

"A noção que nós temos a partir dos documentos e das declarações é de que você tinha uma conexão para fins de divulgação e estímulo. A Prevent Senior seria base para informar que todos os estudos do mundo feito por grandes universidades e centros médicos estavam errados e que existia esse estudo heroico onde as coisas aconteciam magicamente e quem tomava kit cloroquina não morria. É muito claro que tem esse ciclo de repetição da mentira, validação da mentira com estudos falsos", disse.

O UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prevent Senior, que afirmou que os esclarecimentos serão dados durante o depoimento de hoje.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.