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Ter militar em comissão do TSE esvazia discurso de golpe, diz Barroso

Do UOL, em São Paulo

28/09/2021 14h30

A presença de um representante das Forças Armadas na comissão de transparência das eleições tem como um de seus efeitos esvaziar um eventual discurso de golpe, disse o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, em entrevista à revista Veja.

Barroso recentemente anunciou a criação da comissão que contará com representantes de diversos órgãos e entidades. A decisão ocorreu em meio a contestações infundadas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que urnas eletrônicas são passíveis de fraude.

"Você só dá golpe com as Forças Armadas. Se você tem alguém acompanhando todo o processo e dizendo que tudo é transparente e limpo, você esvazia o eventual discurso de golpe", disse Barroso, que também é ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

A iniciativa gerou elogios de Bolsonaro, que em entrevista à revista Veja disse que a presença de um militar na comissão o agradava. O ministro da Defesa, Braga Netto, indicou o comandante de defesa cibernética, Heber Garcia Portella, para representar as Forças Armadas.

Segundo Barroso, as Forças Armadas têm um papel importante nas eleições na distribuição e segurança das urnas. "Estávamos chamando segmentos representativos da sociedade, e as Forças Armadas são segmento representativo também, com expressiva credibilidade junto à população", complementou.

A comissão de transparência das eleições também será formada por especialistas em ciências da computação e representantes da sociedade civil e do setor público, incluindo membros do TCU (Tribunal de Contas da União), da procuradoria-geral e da PF (Polícia Federal).

Segundo Barroso, a ideia nasceu como antídoto ao discurso de Bolsonaro, que sem apresentar indícios questionava a lisura de eleições passadas para defender a adoção do voto impresso.

"Depois de uma repetição diária, criou-se em 20 e poucos por cento da população uma dúvida. Claro, um líder representativo falando todos os dias... Então, embora não haja nenhuma dúvida, seja auditável do primeiro ao último passo, com a participação de partidos, do Ministério Público e da Polícia Federal, eu ainda assim tive a ideia de montar uma comissão de transparência das eleições", disse.

Desde a implementação da urna eletrônica em 1996, nunca foi comprovada nenhuma fraude no sistema.