Temer rebate Bolsonaro e diz que foi presidente quem ligou após atos do 7/9
O ex-presidente Michel Temer (MDB) desmentiu uma declaração que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu em entrevista à revista "Veja", sobre quem ligou para quem no início de setembro — o encontro entre eles resultou em carta aberta na qual o atual chefe do Executivo declara o seu respeito às instituições brasileiras, dois dias após um discurso golpista no 7 de Setembro.
À publicação, Bolsonaro disse que a iniciativa do telefonema partiu "do Temer". A versão, porém, não foi confirmada pelo emedebista.
"Eu li a entrevista [dada pelo presidente a] 'Veja' e, em dado momento, ele diz que 'houve o telefonema do Temer' (...) Quando chegou na quarta-feira, dia 8, eu fixei bem o horário, o presidente me ligou. Eu não falava com ele há uns 8 ou 9 meses. E ele me disse: 'e aí presidente, o que achou do movimento de ontem [7 de setembro]?", relatou Temer, durante entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.
"[Eu acho que o saldo do encontro] foi positivo, porque, nos dias seguintes, em uma reunião que ele fez, em uma solenidade, ele produziu uma frase muito significativa: 'Legislativo, Executivo e Judiciário formam um corpo só, governam juntos'. Então foi um passo estupendo. Mesmo na entrevista à 'Veja', ele amenizou muito a situação", completou.
O passo atrás dado por Bolsonaro aconteceu após o envolvimento direto do ex-presidente Michel Temer, acionado pelo Planalto numa tentativa de debelar a crise institucional com o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso Nacional. Antes da divulgação de nota, Bolsonaro conversou por telefone com o ministro do Supremo Alexandre de Moraes — a ligação também foi mediada pelo ex-presidente.
A conversa entre Bolsonaro e Moraes, que foi chamado de canalha pelo presidente na manifestação de terça, foi "rápida, institucional, simplesmente educada". Não houve pedido de desculpas, segundo UOL apurou. Moraes foi indicado por Temer ao STF em 2018, após ter comandado o Ministério da Justiça no governo do emedebista, de quem é amigo há duas décadas.
Intitulada "Declaração à Nação", a nota oficial do governo Bolsonaro foi divulgada após o encontro de Bolsonaro com Temer em Brasília — segundo a assessoria do ex-presidente, ele ajudou a redigir o documento e foi para Brasília em um avião da FAB enviado a São Paulo para buscá-lo.
'Não pensei em salvar Bolsonaro de impeachment'
Durante a entrevista ao "Roda Viva", Temer disse ainda que sentiu um clima muito negativo na semana do 7 de Setembro, mas ressaltou que nem pensou na história do impeachment ao combinar encontro com presidente.
"Senti um clima muito negativo no país. Evidentemente, em face a provocação do presidente, eu não poderia me omitir. Vi, naquele momento, uma oportunidade de 'distensionar' as questões todas", disse Temer. "Eu não me arrependo minimamente do que fiz. Nem estava no meu projeto. Não pensei [em 'salvar' Bolsonaro de impeachment]. Eu pensei em distensionar o país".
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