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Oposição resgata post de Flávio Bolsonaro com elogios à Prevent Senior

Em publicação, o senador Flávio Bolsonaro elogiou o protocolo da Prevent Senior durante a pandemia de coronavírus - Jefferson Rudy/Agência Senado
Em publicação, o senador Flávio Bolsonaro elogiou o protocolo da Prevent Senior durante a pandemia de coronavírus Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Colaboração para o UOL

29/09/2021 18h21

Políticos da oposição resgataram uma publicação feita pelo senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) em abril do ano passado, com elogios feitos pelo parlamentar aos protocolos adotados pela Prevent Senior no tratamento de seus pacientes durante a crise sanitária provocada pelo coronavírus. A operadora de saúde está na mira da CPI da Covid por, supostamente, ter omitido mortes provocadas pela doença e ter prescrito o "kit covid" para pacientes sem autorização.

Na publicação feita em seu perfil no Twitter, o senador carioca elogia a empresa por ter "criado" um protocolo que "reduziu" o tempo que os pacientes precisavam fazer uso dos respiradores devido à falta de ar e critica o SUS (Sistema Único de Saúde) por não ter procurado a companhia para "saber qual foi o protocolo usado".

"Prevent Senior diz ter estabilizado situação, tem vagas de UTI, já deu alta para 400 pacientes que tiveram covid-19 e criou o protocolo que reduziu de 14 para 7 dias tempo de uso de respiradores. SUS nunca a procurou para saber qual foi o protocolo usado", escreveu.

Ao republicar a postagem, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) disse que Flávio Bolsonaro e sua "turma" precisam ser "responsabilizados", e classifica o caso como "gravíssimo".

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) printou o post e escreveu: "Flávio Bolsonaro quer esconder esse tuíte sobre a Prevent Senior. Já sabem o que fazer, né?".

Parlamentar pelo PSDB paulista, Alexandre Frota criticou o senador por tentar "implantar" o método da empresa no SUS: "Não adianta falar ao contrário", disse.

Bohn Gass, deputado federal pelo PT do Rio Grande do Sul, postou o seguinte: "E pensar que o Flávio queria que o SUS fosse 'aprender' com a Prevent Senior...".

Até o momento, Flávio Bolsonaro não deletou a publicação e também não se pronunciou sobre as denúncias envolvendo os protocolos adotados operadora de saúde que outrora ele elogiou.

Caso Prevent Senior

A Prevent Senior se tornou alvo de investigações na CPI da Covid após ex-médicos da rede denunciarem uma série de irregularidades cometidas pela empresa durante a pandemia de coronavírus, como a ocultação de morte, além de tentar produzir um estudo clandestino para criar argumentos em favor dos medicamentos do "kit covid", com remédios sem comprovação científica no combate à doença, como a cloroquina.

Desde que o escândalo veio à tona, a Prevent Senior tem negado as acusações, as quais define como "sistemáticas e mentirosas". Ontem, em depoimento à Comissão, a advogada Bruna Morato, representante legal de 12 médicos que fizeram denúncias contra a rede hospitalar, reafirmou que Regina Hang, mãe do empresário bolsonarista Luciano Hang, morreu de covid, mas a Prevent omitiu esse fato no atestado de óbito.

O caso foi revelado na semana passada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Na ocasião, Hang negou ter ocultado a causa da morte da mãe, afirmou que ela não fez uso do "kit covid" e elogiou a operadora de saúde.

Hoje, porém, em depoimento à CPI, o empresário confirmou que a matriarca de sua família morreu em decorrência do coronavírus, negou que tenha pedido para a Prevent Senior omitir esse dado, disse acreditar que houve um "erro do plantonista" e admitiu que sua mãe fez uso de medicamentos sem eficácia comprovada para o "tratamento precoce".

Indagada pelo UOL sobre o eventual erro no atestado de Regina Hang em hospital da Prevent Senior, a operadora de saúde informou que o "caso em questão foi corretamente notificado como óbito por covid-19 às autoridades de saúde". A empresa não explicou, porém, a acusação de que o primeiro atestado teria omitido a covid-19.

Desde dezembro de 2020, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que a hidroxicloroquina não seja usada por pacientes com qualquer grau de gravidade de covid. A organização também orienta desde março de 2021 que a ivermectina não seja administrada, a não ser em ensaios clínicos. A OMS não tem uma diretriz para o uso de azitromicina. Uma pesquisa feita no Reino Unido ao longo de 2020 com mais de 7 mil participantes mostrou que, entre pacientes internados com covid, o medicamento não foi responsável por qualquer melhora na mortalidade.