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Flávio Bolsonaro faz papel similar a do bobo da corte na CPI, diz Sakamoto

Colaboração para o UOL

29/09/2021 13h40

O colunista do UOL, Leonardo Sakamoto, avaliou que o senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ) faz "papel similar" ao de um bobo da corte na CPI da Covid, e só comparece às sessões da Comissão quando têm depoimentos sensíveis ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para "tumultuar" e "jogar fumaça", a exemplo da sessão de hoje que ouve o depoimento do empresário bolsonarista Luciano Hang.

Durante o UOL News, Sakamoto repercutiu o bate-boca que ocorreu mais cedo na abertura da sessão desta quarta-feira (29), quando o relator da Comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), utilizou o termo "bobo da corte" e incomodou Flávio Bolsonaro, que acusou o político alagoano de "ofender" o depoente.

Para o colunista é Flávio Bolsonaro quem age de forma similar a um bobo para tirar o foco do que realmente importa na CPI da Covid e, ainda, avalia que a presença do senador carioca na Comissão é a "prova" de que o presidente "está preocupado" com o depoimento do empresário.

"A prova de que o governo Bolsonaro estava preocupado com o depoimento de Hang é a própria presença do Flávio. Ele vai à CPI quando precisa tumultuar e jogar fumaça. A atuação do Flávio Bolsonaro é similar a do bobo da corte. Ele sempre vai quando o governo precisa de um bobo, porque ele tira a atenção do foco principal, entretém, faz um escarcéu e depois sai ileso de lá", declarou.

Segundo Leonardo Sakamoto, além de costumar tumultuar as sessões em que comparece, a presença de Flávio faz com que os senadores bolsonaristas que integram a CPI se sintam mais a vontade e comportem-se como "moleques da quinta série" que costumam praticar bullying contra os colegas.

"Desde o início os bolsonaristas têm tumultuado a sessão, seguindo o modus operandi bem conhecido na CPI para depoimentos que são mais arriscados. Eles tiram os oposicionistas do sério, não respondem nada relevante e tentam encurtar o depoimento. Essa tríade ela se repete. Percebam as características de bullying de um moleque da quinta série dos senadores governistas: soltam críticas e ironias ao final de declarações e interrompem a fala do depoente quando ele se fragiliza", completou.

Luciano Hang nega integrar 'gabinete paralelo'

O empresário Luciano Hang negou que seja membro do "gabinete paralelo", grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro, que atuaria aconselhando o presidente nas tomadas de decisões durante a pandemia de coronavírus, inclusive com aconselhamento de utilização de medicamentos sem comprovação científica nos chamados "tratamento precoce" e "kit covid".

"Não conheço, não fiz e não faço parte de nenhum gabinete paralelo" e "não financiei nenhum esquema de fake news", afirmou, ressaltando também não ser um "negacionista" da doença.

"Eu não sou e nunca fui contra a vacina, tanto que disponibilizei todos os nossos estacionamentos das nossas megalojas espalhadas pelo Brasil como pontos de vacinação. Além disso, juntamente com outros empresários fizemos campanha para que a iniciativa privada pudesse comprar para doar e ajudar o País a acelerar o processo de imunização. Fomos apoiados por quase meio milhão de brasileiros em um abaixo-assinado nessa causa", declarou.

Na CPI, Hang também vai esclarecer dúvidas referentes ao caso da Prevent Senior, acusada de cometer uma série de irregularidades durante o ano de 2020, no auge da crise sanitária, como a ocultação de morte e tentar produzir um estudo clandestino para supostamente criar argumentos em favor dos medicamentos do kit covid, como a cloroquina, por exemplo.

A rede ainda é investigada por ter fraudado a certidão de óbito da mãe do empresário, Regina Modesti Hang, que teria morrido de covid. Ela morreu aos 82 anos em fevereiro deste ano, mas o prontuário dizia que a morte foi em decorrência de uma pneumonia bacteriana. O empresário nega ter havido fraude e elogiou a Prevent Senior.

"Tenho total confiança nos procedimentos adotados pelo Prevent Senior e que tudo que era possível foi feito. Deixei claro a causa do falecimento de minha mãe em várias manifestações públicas e nas redes sociais, nunca foi segredo", disse.