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Villa: Indiciar filhos de Bolsonaro na CPI pode parecer vingança política

Do UOL, em São Paulo

18/10/2021 12h38Atualizada em 18/10/2021 13h10

O historiador e colunista do UOL Marco Antonio Villa disse hoje, durante o UOL News, que os filhos do presidente — Eduardo, Flávio e Carlos — não deveriam estar no relatório final da CPI da Covid como alguns dos nomes a serem indiciados.

"Em relação os filhos do presidente é difícil responsabilizá-los juridicamente. Eu acho que indiciá-los pode parecer para alguns vingança política e não justiça", declarou.

Em entrevista à rádio CBN na última semana, Calheiros apontou que os crimes do presidente na condução da pandemia que estarão o relatório, ao qual será pedido o indiciamento do mandatário, serão: epidemia com resultado morte; infração de medidas sanitárias; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documento particular; charlatanismo; prevaricação; genocídio de indígenas; crimes contra a humanidade; crimes de responsabilidade; e homicídio por omissão.

A CPI deve pedir o indiciamento de pelo menos 40 pessoas. Há uma "possibilidade grande" dos filhos do presidente Bolsonaro serem acusados por fake news na frente de investigação da CPI que apura a divulgação de fake news durante a pandemia, disse Calheiros na última semana.

Na ocasião, o senador ressaltou que os pedidos de indiciamento são enviados para a Procuradoria-Geral da República quando o acusado tem a prerrogativa de foro especial. Os demais casos são encaminhados a instâncias inferiores do Ministério Público Federal.

Após o anúncio dos possíveis indiciamentos de Bolsonaro, Flávio criticou, em entrevista à CNN Brasil, o relator pela intenção de pedir o indiciamento do seu pai. Segundo Flávio, o relator "deveria ter vergonha" por colocar no relatório um pedido de indiciamento por genocídio e reclamou de uma possível politização da comissão.

Renan Calheiros rebateu, em entrevista à Patrícia Calderón, da rádio Jovem Pan News de Fortaleza, dizendo que a CPI tem a aprovação popular e as provocações não o afetam.

Para Villa, essa é a CPI "mais importante do século 21" e "todos os trabalhos realizados em quase 6 meses foram excelentes" por "colocar o governo onde deveria ser colocado: um governo genocida, de criminosos e de corruptos".

O historiador destacou que o andamento da CPI foi muito coerente até agora e afirmou que este não é o momento de cometer um escorregão. A fala de Villa se refere ao conflito entre membros do grupo em razão do vazamento do relatório da comissão, fato que ocasionou adiamento da leitura do texto, que estava marcada para amanhã.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.