Calheiros: 'Relatório da CPI está pronto há 2 meses. Teria que vazar mesmo'
O senador e relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), reagiu às críticas sobre o vazamento do relatório da comissão, fato que ocasionou adiamento da leitura do texto, que estava marcada para amanhã.
Essa coisa de vazar, se vazou, por que vazou... Não dá para discutir isso no século 21. Um relatório que estava pronto há dois meses em alguns aspectos, como eu disse e repito. Teria que vazar mesmo.
Renan Calheiros, em entrevista à CNN Brasil
"Tem 50 pessoas entre consultores, assessores de parlamentares, parlamentares envolvidas na discussão do relatório. A investigação foi pública em todos os momentos. As minhas posições são públicas", acrescentou.
Após divergências entre os senadores do grupo majoritário da CPI, chamado de G-7, o relatório da comissão, que está a cargo de Calheiros, agora será lido na quarta-feira, 20. A sua votação também foi postergada: antes marcada para quarta-feira, agora ocorrerá no dia 26.
"O texto não deveria ter sido vazado. Deveríamos ter consolidado todas as contribuições e, aí sim, encaminhar o texto da parte do relator. O vazamento do texto antes de terem sido consolidadas as contribuições criou de fato um incômodo. Incômodo que temos que superar", afirmou o vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no UOL News desta manhã.
Bolsonaro tem que ficar chateado mesmo, diz Renan
Renan Calheiros declarou também que presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ficou "muito chateado e com razão" pelo seu enquadramento no crime de homicídio por omissão. O crime está entre os 11 anunciados por Renan que constarão contra o chefe do Executivo no relatório final da CPI da Covid.
"O presidente da República, com relação ao homicídio, o enquadramento que o deixou muito chateado e com razão, é porque ele deixou de cumprir o seu dever ao não cumprir o seu dever para evitar mortes que eram evitáveis. O código penal é luminar com relação a isso. Isso é crime de homicídio. Caracterizado homicídio comissivo por omissão. Isso não tem nenhuma dúvida", disse hoje o senador à CNN Brasil.
Em entrevista à rádio CBN na última semana, Calheiros apontou que os crimes do presidente na condução da pandemia que estarão o relatório, ao qual será pedido o indiciamento do mandatário, serão: epidemia com resultado morte; infração de medidas sanitárias; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documento particular; charlatanismo; prevaricação; genocídio de indígenas; crimes contra a humanidade; crimes de responsabilidade; e homicídio por omissão.
Conforme o Estadão/Broadcast publicou, o relatório final da CPI conclui que o governo agiu de forma dolosa, ou seja, intencional, na condução da pandemia e, por isso, é responsável pela morte de mais de 603 mil brasileiros.
Calheiros é bandido, disse Bolsonaro
Na última semana, Bolsonaro chamou Calheiros de "bandido" em conversas com apoiadores e afirmou que o senador "está de sacanagem" com o relatório final da CPI. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) também criticou, em entrevista à CNN Brasil, o relator pela intenção de pedir o indiciamento do seu pai.
É importante que as pessoas entendam definitivamente que o papel da CPI é, em substituição nessa primeira fase, ao que seria no processo brasileiro o inquérito policial. Nós estamos apenas fazendo as primeiras investigações. Nós não estamos julgando ninguém. Esse papel de julgar é da justiça. Nós estamos apontando os primeiros indícios, primeiras provas, pedindo a continuidade da investigação. Nós não vamos julgar ninguém, nós não somos julgadores.
Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, à CNN Brasil
O relator ainda declarou que os desdobramentos políticos da CPI, como a reprovação do governo Bolsonaro, "nunca foi propósito" da CPI. A reprovação do governo recuou de 63% para 58% na opinião pública dos últimos 15 dias, segundo pesquisa PoderData, divulgada na semana passada pelo portal Poder360.
"Nós estamos fazendo a nossa parte, cumprindo o nosso papel. Nós não estamos lá para desgastar o presidente. Se ele tem se desgastado e continua caindo — porque as últimas pesquisas são devastadoras com relação à imagem dele e a imagem do seu governo —, não atribua isso à Comissão Parlamentar de Inquérito. Atribua isso ao desgoverno que ele continua a impor aos brasileiros", disparou.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
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