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Debate do PSDB acontece em meio a aumento da tensão entre Doria e Leite

Governadores João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS), então candidatos em 2018, e hoje pré-candidatos à Presidência pelo partido - Pedro Ladeira/Folhapress
Governadores João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS), então candidatos em 2018, e hoje pré-candidatos à Presidência pelo partido Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

19/10/2021 04h00

Os pré-candidatos do PSDB à Presidência participam hoje do primeiro debate das prévias do partido em clima escalado de tensão. A um mês do pleito interno, os favoritos Eduardo Leite (PSDB-RS) e João Doria (PSDB-SP) têm disputado parlamentares e filiados voto a voto.

Em meio a traições e disputas internas, o tom tem subido entre os dois, chegando a críticas diretas. Este será o primeiro enfrentamento das prévias, realizado pelo jornal O Globo às 11h, no Rio, e há a expectativa de mais dois até 21 de novembro, data do pleito. O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio (PSDB-AM) fecha o trio de pré-candidatos.

Aumento da tensão

No último domingo (17), em um evento em São Paulo, Leite, governador do Rio Grande do Sul, afirmou esperar que "o BolsoDoria não esteja voltando", em referência ao apoio do governador paulista ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018. A alfinetada em evento oficial de pré-campanha não pegou bem nem entre apoiadores do gaúcho.

A avaliação é que as prévias devem ser feitas para unir e melhorar a imagem do PSDB nacionalmente, não ajudar a deteriorar possíveis candidatos nacionais. Uma referência muito usada internamente são as prévias do partido Democrata, nos Estados Unidos, que sagrou Joe Biden no ano passado para vencer o então presidente Donald Trump.

A escalada da tensão —algo comum no meio político em períodos pré-eleitoral e eleitoral, principalmente— não é vista com bons olhos pelos tucanos que não participam diretamente da campanha. O presidente da leganda, Bruno Araújo, tem repetido que o PSDB tem de sair mais unido da disputa, não mais rachado.

Interlocutores próximos a Doria, claro, dizem que esta animosidade está vindo de Leite, que não deveria trazer elementos do passado, sob o argumento de que o gaúcho também apoiou Bolsonaro, mesmo que de maneira mais tímida.

Apoiadores de Leite, por sua vez, defendem que houve muito alarde para o comentário e que o governador paulista também dá suas alfinetadas, mas de modo indireto, como quando se queixa que a base tucana do Rio Grande do Sul na Câmara dos Deputados vota junto ao governo federal.

Debate "propositivo"

O debate, marcado há mais de um mês, gerou ruído na semana passada, quando Doria ensaiou não participar. Defensores do paulista argumentaram que a formação do debate, aceito pela direção nacional do PSDB, se deu para causar enfrentamento. Já o grupo de Leite provoca questionando do que ele estaria fugindo.

Hoje, no entanto, os dois deverão abrir mão de qualquer provocação, prometem suas campanhas.

Ao UOL, os dois grupos garantiram que será um debate "propositivo", em que ambos deverão focar suas falas nos pontos fortes das respectivas administrações à frente dos estados e nos filiado.

Ambos aprovaram reformas administrativas estaduais e se orgulham das estratégias econômicas: São Paulo com a maior projeção de crescimento de PIB (Produto Interno Bruto) entre os estados em 2021 e o Rio Grande do Sul saindo do vermelho com as contas estruturadas. Os dois também se vangloriam de não terem, até então, nenhuma acusação de envolvimento com corrupção.

A promessa é de paz. Sutilmente, no entanto, os dois grupos passam a mensagem: o objetivo é unir, mas ninguém pretende levar desaforo para casa.