CPI: Braga ameaça votar contra relatório se políticos do AM ficarem de fora
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) deverá votar contra o relatório final da CPI da Covid apresentado pelo colega Renan Calheiros (MDB-AL), relator oficial da comissão, se este não incluir sugestões de indiciamentos de ao menos quatro pessoas que integram ou integraram o governo do Amazonas.
O documento será colocado em votação na próxima terça-feira (26).
Braga quer que Renan inclua na lista de recomendações de indiciamentos os seguintes nomes:
- Wilson Lima (PSC), governador do Amazonas;
- Marcellus Campêlo, ex-secretário da Saúde do Amazonas;
- João Paulo Marques dos Santos, ex-secretário-executivo da Saúde;
- Perseverando Garcia, ex-secretário-adjunto da Saúde.
Os quatro são suspeitos de participar de possível esquema de corrupção na compra de respiradores durante a pandemia. A versão do relatório apresentada por Renan na última quarta (20) não recomendava o indiciamento de pessoas ligadas a eventuais irregularidades no Amazonas
Braga diz que a versão atual do texto de Renan é "inaceitável". Ele argumenta que, embora investigações sobre o Amazonas façam parte das finalidades da CPI, o tema foi tratado de "forma superficial e sem punições a responsáveis".
Se deixarem de fora os crimes praticados no Amazonas, com qual critério eles têm moral para imputar indiciamento sobre qualquer outra pessoa?"
Eduardo Braga, senador
A Comissão Parlamentar de Inquérito chegou a ouvir, em depoimento, Marcellus Campêlo e o relator da CPI da Assembleia Legislativa local, Fausto Vieira dos Santos Junior. Além de eventual esquema de corrupção, a crise no fornecimento de oxigênio medicinal a pacientes internados no Amazonas foi objeto de investigação do colegiado.
Relatório de Braga
Braga disse ter elaborado um relatório com foco no Amazonas para entregar a Renan ainda nesta semana. Em princípio, o texto é apenas um adendo com as sugestões ao colega.
Mas, caso o relator as rejeite, Braga afirmou que deverá apresentar o texto como uma espécie de relatório paralelo e "votar em separado", na linguagem técnica da CPI, o que iria contra o documento final do correligionário.
Ainda assim, a expectativa de Braga é que Renan acolha o adendo sobre o Amazonas.
Meio-termo
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD), também eleito pelo Amazonas, disse que o estado merece um capítulo próprio, mas que não vai interferir no relatório elaborado pelo senador alagoano. Ele acrescentou que votará no documento já apresentado em caso de empate.
"O Amazonas é um capítulo, concordo que seja, mas importante ver os outros estados também", disse.
Um senador do grupo majoritário da CPI, formado por oposicionistas e independentes, do qual fazem parte Aziz e Braga, afirmou que um "meio-termo" é possível.
No caso, Renan reforçaria no relatório o status de réu já existente de Lima, João Paulo e Perseverando após decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de setembro, mas não os incluiria na lista de sugestões de indiciamentos, por responderem a processo de tema semelhante —Campêlo foi preso na Operação Sangria.
Braga não concorda com a eventual medida e cita o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello como exemplo de réu que também está na lista de recomendações de pessoas a serem indiciadas.
A Operação Sangria investiga irregularidades na gestão da pandemia, como na compra de respiradores e na prestação de serviços para o Hospital de Campanha Nilton Lins, além de supostas fraudes em licitações e supostos desvios de verbas públicas que deveriam ser usadas para combater a pandemia.
Tanto Braga quanto Aziz não descartam se candidatar ao governo do Amazonas nas próximas eleições, em 2022.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.