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Jornal: Damares levou parentes de Michelle Bolsonaro para SP em voo da FAB

Do UOL, em São Paulo

25/10/2021 10h38Atualizada em 25/10/2021 14h40

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, aproveitou o uso de um voo da FAB (Força Aérea Brasileira) para dar "carona" a sete parentes da primeira-dama Michelle Bolsonaro. A viagem teria ocorrido no dia 21 de agosto — um sábado — e o voo saiu de Brasília com destino a São Paulo. As informações são do jornal O Globo.

Segundo o jornal, o pedido do voo da FAB foi realizado pela ministra sob a justificativa de participação em um evento do programa social Pátria Voluntária, gerido por Michelle Bolsonaro. A primeira-dama estava dentro do avião no dia da viagem.

Um decreto publicado em 5 de março de 2020 dispõe acerca da comitiva de voos do Comando da Aeronáutica: "A comitiva que acompanha a autoridade na aeronave do Comando da Aeronáutica terá estrita ligação com a agenda a ser cumprida, exceto nos casos de emergência médica ou de segurança". Em janeiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou José Vicente Santini então secretário-executivo da Casa Civil de "imoral" por usar, sem autorização, um avião da FAB para ir até à Índia.

Na noite da viagem, Michelle e Damares estiveram na comemoração do aniversário de 30 anos do maquiador e amigo de ambas, Agustin Fernandez, em Moema, bairro nobre da capital paulista. A festa tinha um bolo preto e dourado de quatro andares, mesa recheada de doces, lembrancinhas, flores e até uma cabine de fotos.

Agustin publicou fotos acompanhado de Michelle e da ministra. O ministro do Turismo, Gilson Machado, e sua esposa Sarita Pessoa, também estiveram no evento.

Ainda de acordo com o jornal, além de Damares e Michelle, o voo saído de Brasília tinha 16 passageiros no total, entre eles, Sarita Pessoa, a filha mais velha, uma cunhada, três irmãos e dois sobrinhos da primeira-dama.

Um dia depois da chegada ao estado de São Paulo, o grupo retornou à capital federal e incluiu mais um passageiro: o maquiador da primeira-dama.

Em contato com a assessoria de imprensa da FAB, o UOL verificou os registros de viagens feitas por eles e confirmou o uso do voo pela pasta de Damares sob motivação de "serviço" no dia 21 de agosto com destino ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o retorno a Brasília no dia seguinte. No registro da FAB, a previsão de passageiros no voo de ida era de 20 pessoas e 22 viajantes na volta.

O que dizem os citados

Questionados pelo jornal, Damares não explicou o uso do voo por terceiros. "A gente vai explicar. Tem algum impedimento na lei?", questionou após ser abordada em um evento no Palácio do Planalto, em Brasília.

Já o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos afirmou que é de responsabilidade do solicitante do voo ajustar os critérios para o uso das vagas. Eles ainda explicaram que as pessoas transportadas no avião são voluntários do programa gerido por Michelle.

"Este ministério considera que não houve qualquer irregularidade no transporte da comitiva", disse a pasta ao jornal, completando que Agustin Fernandez estava no voo de retorno a Brasília, pois também atuou como voluntário do programa ao ajudar em um evento de casamentos comunitários da iniciativa.

Apesar disso, o maquiador postou em sua rede social uma foto ao lado de Michelle Bolsonaro, no dia 6 de setembro, afirmando que no dia anterior havia participado de uma ação de casamentos voluntários em Brasília.

"Ontem ao lado de colegas de profissão, participei voluntariamente do casamento comunitário em Brasília. As nossas 35 noivinhas realizaram o sonho de oficializar a união com os seus respectivos maridos e também adquiriram direitos garantidos por lei."

Questionado pela reportagem, Fernandez não retornou.

"A assessoria de Michelle disse que a pasta de Damares seria responsável por responder", explicou o jornal.

O Ministério do Turismo informou ao UOL que "nas referidas datas questionadas pela reportagem do jornal O Globo, o ministro Gilson Machado Neto cumpriu extensa agenda de trabalho nos municípios de São Paulo e Boituva", porém, a pasta não deu explicações sobre a presença da esposa do ministro.

O UOL também tenta contato com os demais citados. A nota será atualizada em caso de retorno.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.