Pacheco filia-se ao PSD, e Kassab reafirma: 'Ele será o nosso candidato'
Em evento carregado de referências ao ex-presidente mineiro Juscelino Kubitschek, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), oficializou hoje a filiação de si mesmo ao PSD, que vislumbra lançá-lo ao posto de presidente da República nas eleições gerais de 2022.
A ideia de transformar o senador em presidenciável em 2022 foi reafirmada por Gilberto Kassab (SP), presidente do PSD. "Ele será o nosso candidato", exclamou o ex-prefeito de São Paulo, recebendo aplausos dos presentes no evento.
No último sábado (23) — um dia depois de Pacheco ter anunciado a filiação ao PSD —, em evento do partido no Rio de Janeiro, Kassab havia dito que o presidente do Senado só não seria candidato em 2022 pela sigla "se não quiser".
A cerimônia de filiação de Pacheco transcorreu no Memorial JK, construído em homenagem a Juscelino, em Brasília, e contou com a participação, além de Kassab, de senadores, deputados, governadores, prefeitos e outras lideranças do partido.
Em discurso após a assinatura da filiação, Pacheco pregou, sem citar nomes, contra a polarização política, dizendo que a população brasileira está "cansada de viver em meio a incertezas". "Passou da hora de voltarmos ao diálogo", destacou.
"Uma sociedade dividida nunca chegará a lugar algum", afirmou. "O caminho para solucionar as várias crises que estamos enfrentando é a união. Chegamos ao limite dos extremos, e a boa política depende de um trabalho conjunto dos agentes do poder", completou.
Imagem de Juscelino
Paulo Octavio (PSD-DF), presidente do partido no Distrito Federal, vice-presidente do Memorial JK e casado com Anna Christina Kubitschek Barbará Alves Pereira, neta de Juscelino e presidente do memorial, foi quem abriu a cerimônia em Brasília.
Em discurso, ele destacou o fato de a filiação de Pacheco estar ocorrendo 56 anos após a promulgação do AI-2, instituído pela ditadura militar e que extinguiu o antigo PSD, partido de Juscelino, que esteve ativo entre 1945 e 1965, e outras legendas.
"Estamos, 56 anos depois, em um momento histórico do partido. É uma iluminação divina o que paira sobre esta mesa", disse, rasgando elogios a Pacheco. "Você terá uma grande missão. Você é jovem, determinado, tem 44 anos e um futuro brilhante pela frente", afirmou.
No discurso no final do evento, Pacheco citou Kubitschek e Tancredo Neves — também mineiro e outro nome forte do PSD antes do AI-2 — como inspirações políticas.
"Juscelino teve um olhar visionário, sempre sonhou com um país produtivo, próspero, moderno, interiorizado, industrializado e desenvolvido", disse Pacheco. "Já Tancredo foi alguém capaz de manter sempre a conciliação, de buscar o consenso e o equilíbrio", completou.
Além da data e do local escolhidos para o ato, o evento ainda contou com outros simbolismos ligados a Kubitschek, como a interpretação do Hino Nacional em ritmo de bossa nova, estilo musical que marcou o governo do mineiro (1956-1961).
Projeto presidencial
Em 2014, o PSD integrou a coligação da então candidata Dilma Rousseff (PT-MG) na disputa para presidente. Em 2018, declarou apoio formal a Geraldo Alckmin (PSDB-SP) — que deve se filiar em breve ao partido de Kassab. Em 2022, porém, a ideia é alçar voo como protagonista.
A pretensão do PSD é, com Pacheco, se posicionar como uma terceira via entre a esquerda, representada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP), e a direita, representada pelo hoje presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em meados de setembro, porém, Pacheco aparece com apenas 1% das intenções de voto para presidente, enquanto Lula e Bolsonaro, nessa ordem, seguem na frente.
Nascido em 2011 como fruto de uma ruptura com o DEM, o PSD, embora tenha apoiado Dilma em 2014, teve partidários apoiando o governo de Michel Temer (MDB-SP), instituído em decorrência do impeachment da petista.
Durante o governo Bolsonaro, o PSD tem se posicionado como independente, contando com nomes da oposição ao governo federal — caso do senador Omar Aziz (AM) —, mas também com governistas, entre os filiados, como Fábio Faria (RN), ministro das Comunicações.
O próprio Pacheco foi, no início do ano, eleito presidente do Senado com apoio do governo — mas também contou com endosso de partidos da oposição. Atualmente, porém, o senador tem sido alvo de críticas do Planalto, que cobra apoio a projetos e pretensões governistas.
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