Sem certeza de partido, MBL disputará governo de SP com Arthur do Val
Surpresa na eleição paulistana de 2020, o deputado estadual Arthur do Val (Patriota), conhecido como Mamãe Falei, confirmou que irá disputar a eleição para o governo paulista no ano que vem.
O anúncio oficial será feito na tarde de amanhã no Congresso do MBL (Movimento Brasil Livre), grupo que ele integra. Mas, em painel de hoje do evento, ele já respondeu perguntas de militantes sobre o que faria no comando do Palácio dos Bandeirantes. "Não faz a menor lógica desistir de uma candidatura que tenho total certeza do meu propósito", disse o parlamentar.
Por qual partido?
Ao confirmar a pré-candidatura, Do Val disse que tudo indica que ele disputará a eleição pelo Patriota, seu atual partido, mas há negociações com o União Brasil, que será criado após a fusão entre PSL e Democratas. O objetivo do MBL é que todos estejam no mesmo partido.
O Patriota seria o mais provável para continuar abrigando-o em razão de o partido ter permitido que o deputado tentasse a Prefeitura de São Paulo no ano passado. Ele terminou o pleito em quinto lugar, com quase 10% dos votos, resultado além das expectativas. "Ela mostrou que tenho viabilidade eleitoral."
Houve conversas com o União Brasil envolvendo o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que está de saída do PSDB e deve disputar o governo paulista; o próprio Alckmin ainda não definiu seu destino.
A proposta seria para tirar Do Val da disputa do ano que vem, mas, em contrapartida, dar o apoio ao MBL na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2024. As conversas não estão avançando, ainda mais após as especulações envolvendo Alckmin e o PT. Também houve um diálogo com o Podemos, mas com possibilidade mais remota de haver acerto.
"Passo além"
Do Val quer se colocar como opção contra candidaturas que são próximas do PSDB, como o ex-governador Márcio França (PSB), o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), e o próprio Alckmin, que comandou o estado por quatro mandatos.
Por isso, segundo ele, faria mais lógica para o MBL tentar a candidatura majoritária. "Se arriscar a fazer uma coisa que é passo além, que é pleitear o Executivo", disse. "Acho que é um passo inevitável senão a gente vai continuar sendo sommelier do projeto dos outros."
De acordo com o deputado, sua campanha será mais focada em atrair eleitores na região da capital paulista. A eleição para a prefeitura também teria apresentado o parlamentar para grupos de empresários que costumam apoiar outros candidatos, segundo Do Val. "Depois da eleição, muitos desses grupos vieram me procurar", disse, relatando a comparação com oponentes.
Foco em bancada
Ter a candidatura de Do Val também é importante, segundo membros do MBL, para criar uma bancada do grupo. "É importante ter a candidatura dele não só pela candidatura em si, mas também para puxar voto de legenda, ajudar a eleger deputados estaduais, federais", disse o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP). "A visibilidade de você ter alguém no debate, nas entrevistas, é maior."
Um dos objetivos do MBL é crescer no Legislativo. Na Câmara, possui apenas Kataguiri, que projeta que o grupo poderá chegar a quatro ou cinco deputados. O deputado, no painel, inclusive, chegou a convocar membros do movimento para disputar uma cadeira na Câmara, como o vereador paulistano Rubinho Nunes (PSL), que ainda não se decidiu sobre participar do próximo pleito.
Moro apoia?
Membros do MBL chegaram a incentivar Sergio Moro (Podemos) a voltar para a política, mas ainda não há certeza de um apoio formal do movimento à candidatura do ex-juiz e ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O grupo, porém, entende que Moro está simpático à pré-candidatura de Do Val, que criaria um palanque paulista para o ex-ministro.
"Mas claro que isso vai depender também da conversa dele com o próprio partido", disse Kataguiri, que já indica que o MBL irá esperar reciprocidade caso as partes se entendam. "Qualquer candidato que a gente vá apoiar na terceira via, fundamental que ele apoie também o Arthur aqui em São Paulo."
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