MBL faz debate de presidenciáveis com chope, samba e clima de festival pop
Jovens tomando cerveja, música alta, venda de camisas personalizadas e food trucks. Poderia ser um festival de música pop, mas é o Congresso do MBL (Movimento Brasil Livre), realizado hoje e amanhã na zona leste de São Paulo.
Em sua sexta edição, o evento reuniu presidenciáveis da chamada terceira via, em debates sobre o futuro do país. Com direito a um Paulo Guedes de papelão, o evento foi recheado de críticas ao ministro da Economia e à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido).
Rompido com o governo desde o final do primeiro semestre de 2019, o movimento faz um discurso de indignação, dizendo que Bolsonaro prejudicou o discurso liberal.
"Esse bosta aqui pegou as ideias que a gente defendeu ao longo dos últimos anos e acabou com elas", disse Renan Santos, um dos lideres do MBL, segurando o Guedes de papelão. A raiva é tão grande contra os antigos aliados que Santos chegou a falar em "pecado".
No segundo turno da eleição de 2018, o MBL embarcou no apoio a Bolsonaro para derrotar a candidatura do PT, do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad.
Agora, o movimento já tem uma decisão. Se o cenário se repetir no ano que vem, vai anular o voto, disse o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP). "Não fica neutro. A gente tem uma posição muito convicta pelo nulo", disse. "E, no outro dia, estou me candidatando a líder da oposição na Câmara."
Entre apoiadores e organizadores do evento, era comum ver camiseta dizendo "nem Lula nem Bolsonaro".
"O gabinete que hoje é de Bolsonaro tem que ser nosso, tem que ser da terceira via. O próximo presidente da República tem que ser eleito por este grupo político", disse Kataguiri.
No primeiro painel do evento, Santos disse que "nunca mais" o movimento vai ser "puxado" por alguém. "Ninguém vai obrigar a gente a apoiar candidato A ou B para presidente da República."
Se tem terceira via, se todo mundo hoje fala em terceira via, é porque um grupo de pessoas rachou a direita, a gente rachou a direita."
Renan Santos, líder do MBL
Reunião de presidenciáveis
No evento, o MBL reforçou a posição de que procura uma candidatura presidencial para abraçar. Na sexta (19), inclusive, recebeu quatro presidenciáveis: João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luiz Felipe d'Avila (Novo).
O possível favorito do grupo, porém, é Sergio Moro (Podemos), ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro. Ele participa do Congresso do MBL neste sábado (20). O movimento ainda não crava um apoio, mas é próximo de Moro.
O ex-juiz também era a preferência na plateia. Em um dos momentos mais constrangedores do dia, Doria foi questionado se abriria mão da candidatura sob gritos de "Moro".
Os dois presidenciáveis tucanos, que disputam as prévias do partido neste domingo, defenderam suas pré-candidaturas e disseram que devem vencer o pleito interno, mas acenaram para a desistência da candidatura em nome de um concorrente de terceira via mais forte.
O tom de união em nome de candidato único para enfrentar Bolsonaro e Lula tomou o ambiente nas duas mesas com postulantes ao Planalto —todos assumindo, no entanto, que gostariam de ser este nome.
Nos debates, muitas menções a economia, empreendedorismo, corrupção e sustentabilidade, mas não muito discurso sobre fome e desemprego.
Cerveja, camisetas e açaí
Entre uma mesa e outra, o congresso tinha cara de festival de música. A fila da barraca do chope não parava. Ao lado, food trucks de açaí, hambúrguer e batata frita.
Apesar de maioria jovem, havia pessoas de todas as idades. A presença de um público além do grupo na faixa dos 30 anos chegou até a surpreender lideranças do MBL.
"Eu acho que é o primeiro congresso do MBL que nós temos uma amplitude de idades deste tamanho", disse o deputado estadual Arthur do Val (Patriota). "Hoje vi um moleque de 12 anos e senhores de idade. Isso é maravilhoso, diz muito do que o MBL quer ser."
Kataguiri disse contar com as novas gerações para eleger grandes bancadas do MBL. "Com quatro, cinco, dez, 20, 40 deputados, a gente transforme este país numa potência." Hoje, o MBL tem apenas Kataguiri na Câmara.
Na banca com itens do MBL, as camisetas com o logo do grupo, vendidas a R$ 50, e o livro de Kataguiri eram os itens mais pedidos.
O que também chamou a atenção foi a máscara como item ignorado por parte significativa dos presentes no evento, inclusive entre organizadores do congresso e parlamentares do MBL.
Ao final, depois do último painel, uma bateria de samba animou a saída do público.
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