PSDB pausa prévias após falha em app; Doria e Leite divergem sobre retomada
O PSDB decidiu pausar hoje o processo de votação de prévias para escolha do candidato à presidência em 2022 após falhas no aplicativo de votação usado pelos filiados. Diante da indefinição sobre a retomada do processo, os postulantes apresentaram propostas diferentes, e o partido ainda não chegou a um acordo sobre como prosseguir.
O governador de São Paulo, João Doria, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio querem que a votação seja retomada no próximo domingo (28), quando seria realizado o segundo turno. Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, discorda da pausa e gostaria da ampliação da votação por app por mais 48h.
"Tanto Doria quanto Arthur Virgílio defendem a data do dia 28 de novembro, próximo domingo, para que o processo de prévias se encerre de forma rápida, eficiente e justa", dizem os candidatos, por meio de nota conjunta em que criticaram a "fragilidade do aplicativo e os problemas de instabilidade e insegurança que o modelo proposto poderia trazer para as primárias."
A campanha de Eduardo Leite divulgou nota em que diz que "aceita mais 48 horas de votação, desde que garantida a capacidade técnica para votação de todos os cadastrados que assim desejarem."
"Com mais do que isso as prévias perderiam sua integralidade, seja pelo prazo, seja pelo número de votantes, seja pela incapacidade técnica do aplicativo, seja pela agressão ao ato normativo eleitoral ou seja pelas denúncias de irregularidades de todo o tipo, que se avolumaram no dia de hoje e que poderiam ensejar judicializações e sindicâncias indesejadas", diz o comunicado.
Segundo nota do partido, os votos já registrados ficarão armazenados. Estima-se que menos de 10% dos quase 45 mil votantes conseguiram efetuar o voto hoje.
"O processo de votação em aplicativo encontra-se pausado em razão de questões de infraestrutura técnica, que não comportou a demanda dos votantes das prévias", diz nota do PSDB. "Os votos recebidos tanto pelo aplicativo quanto por meio das urnas eletrônicas ao longo deste domingo serão totalizados ao final do processo de votação."
Problemas no app
Desde o início da votação, nesta manhã, tucanos de todo o país relataram dificuldade para acessar a ferramenta via reconhecimento facial e registrar seus votos. De acordo com o diretório paulista, o app chegou a ficar 4h fora do ar durante a manhã.
O aplicativo foi desenvolvido exclusivamente para a votação das prévias à presidência da República para que filiados de todo o país pudessem votar. Inicialmente, a votação online seria das 7h às 15h, mas foi estendida até às 18h por causa da instabilidade.
Agora, as lideranças estão considerando estender o prazo para garantir que todos os 44.700 registrados para votar nas prévias consigam registrar os votos.
Os problemas na ferramenta desagradaram em especial o diretório de São Paulo. Em carta conjunta, o PSDB do estado e da capital requereram "providências" da Executiva Nacional para resolver o problema.
"Foi alertado durante todo o processo sobre a fragilidade do aplicativo e os problemas de instabilidade e insegurança que o modelo proposto poderia trazer para as primárias. Mesmo diante dos alertas de ambas as campanhas e da Kryptus, auditoria contratada pelo próprio partido para garantir a lisura da eleição, a direção do PSDB optou por manter o contrato com a FAUGRS [Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sediada em Pelotas] e o uso da plataforma", criticaram Doria e Virgílio, em nota.
O tema é caro a Doria porque, como São Paulo representa 62% dos cadastrados, o grupo de filiados sem mandato é o seu principal trunfo no pleito. Há um comentário entre o PSDB paulista de que a comitiva nacional estaria fingindo normalidade para prejudicar Doria.
Para não ficar atrás, o PSDB-RS convocou a reunião com o objetivo de "avaliar as condições e a evolução da votação".
Entre a equipe de Doria, que já vem reclamando do aplicativo desde que ele foi lançado, não está descartada a possibilidade de judicialização — a depender do resultado.
Além da votação por app, também houve votação presencial, na Convenção do partido no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Os candidatos se reuniram e, junto a lideranças e mandatários do partido, votaram por urna eletrônica.
A votação presencial não teve problemas e as urnas já foram remetidas à sede do partido para apuração.
Desenvolvedora está investigando as causas
Por meio de nota, a Faurgs (Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), desenvolvedora do aplicativo, negou que a razão para o problema no reconhecimento facial tenha sido por falta de compra de licenças, como chegou a ser especulado, e disse que está investigando "todas as possíveis causas da instabilidade".
"Assim que houver total comprovação, o detalhamento desse ocorrido será levado a público", garante a fundação.
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