Alcolumbre diz ser problema que colegas sempre interrompam senadoras
O presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reclamou da postura dos colegas senadores na tarde de hoje, durante a sabatina do ex-ministro da Justiça André Mendonça, que é considerado para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo Alcolumbre, as senadoras mulheres "sempre" são mais interrompidas.
Soraya Thronicke (PSL-MS) tentava concluir sua pergunta para o sabatinado quando a conversa ao redor dela ficou mais alta e ela pausou. "Não estou conseguindo nem me concentrar. Quero pedir desculpas", falou a senadora. Alcolumbre, então, soou a campainha para chamar atenção dos colegas.
"E todo o tempo [a interrupção] é quando é uma senadora, esse é o meu problema também", criticou o presidente da CCJ. Ao longo do dia, o clima na sabatina tinha sido de elogios às mulheres presentes, como Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Simone Tebet (MDB-MS).
Eliziane, inclusive, se torna hoje a primeira mulher a ser relatora no Senado de uma sabatina para o STF.
É uma grande responsabilidade e fico feliz, mas mostra o quanto precisamos avançar, aquilo que é corriqueiro para o homem não é para a mulher, tanto que é a primeira vez em que uma mulher vai relatar o indicado para o STF. Precisamos avançar muito mais".
Eliziane Gama
Em seu pronunciamento, o senador Omar Aziz (PSC-AM) também chamou atenção para a questão de gênero na política. "É desigual em todos os setores da sociedade a participação da mulher, mas hoje a senhora Eliziane Gama representa as mulheres brasileiras e, especialmente, as senadoras, como a Soraya. Nos dá orgulho vê-la como relatora. Gostaria de parabenizá-la por ser a primeira", falou.
O trâmite da sabatina
Ao final da sabatina de hoje, que se estenderá até que todos os senadores interessados façam suas perguntas, o ex-ministro enfrentará uma primeira votação na própria comissão, composta de 27 membros, e precisa de maioria simples (metade dos senadores presentes à sessão) para ter parecer favorável.
Após essa etapa, o parecer é encaminhado ao plenário — independentemente do resultado. A depender do tempo e da decisão dos senadores, a decisão final pode ocorrer ainda hoje. Ambas as votações, na CCJ e no plenário, são secretas, ou seja, não será possível saber como cada parlamentar se posicionou.
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