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Gilmar Mendes chama de 'lenda urbana' tese de Bolsonaro sobre 2018

Herculano Barreto Filho e Raí Aquino

Do UOL, em São Paulo

20/12/2021 11h05

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes chamou de "lenda urbana" a tese defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre uma suposta fraude ocorrida nas eleições presidenciais de 2018. Sem provas, Bolsonaro sustenta a tese de que venceu o pleito no primeiro turno e também contesta o resultado das eleições de 2014.

"O presidente me disse uma vez: 'eu ganhei a eleição no primeiro turno'. Aí, ele disse: 'O Aécio [Neves] ganhou a eleição da Dilma [Rousseff em 2014]'. Não, eu estava no TSE. As eleições foram limpas. Então, vamos parar de criar lendas urbanas", disse Mendes ao UOL Entrevista, com a participação dos jornalistas Fabíola Cidral, Carol Brígido e Kennedy Alencar.

Ao ser questionado sobre esse tipo de postura do presidente, Gilmar Mendes descartou a possibilidade de que isso possa representar ameaça à democracia.

"Não acredito que vá ter ameaça à democracia. Mas diria também que não é saudável esse tipo de ataque [às urnas eletrônicas]. Isso faz parte talvez de um tipo de técnica, tática, inclusive para manter uma base bastante agregada. Para dar, talvez, um elemento para essa agregação. Não é uma questão exclusiva ao Brasil. Se acompanharmos o que houve nos Estados Unidos, os seguidores do [Donadl] Trump acreditaram em fraude eleitoral", comparou.

O ministro inclusive traçou um paralelo com a época em que o voto era impresso no país.

Se olharmos para o nosso passado de eleições com voto em papel e depois com a contabilidade manual, tinha uma tradição de fraude. Foi por isso que avançamos para a votação eletrônica"
Gilmar Mendes, ao UOL Entrevista

'Ameaçar um técnico da Anvisa é covardia'

O ministro do STF também classificou como "covardia" as ameaças aos técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) após o aval para vacinação de crianças contra covid-19.

"Não faz sentido divulgar nomes de técnicos que exercem essa atividade, especialmente num ambiente tão conflagrado, como o que estamos vivendo. Basta olhar as mensagens no Twitter para ver que o tom é sempre de ameaça, essa chamada mensagem de ódio. Você ameaçar um técnico que está fazendo o seu trabalho é uma manifesta covardia", disse o ministro. "Não faz sentido algum violar as regras de autonomia da agência", complementou.

Anteriormente, o ministro já havia classificado o episódio como "uma vergonha nacional. Mostra como o discurso do ódio chegou a níveis alarmantes no país. Que as autoridades investiguem e garantam a segurança das famílias".

A agência informou ontem, por meio de nota, que solicitou proteção policial para servidores e diretores envolvidos na aprovação do uso da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Após o anúncio da agência, ocorrido na quinta-feira (16), Bolsonaro defendeu a divulgação dos nomes dos profissionais envolvidos na aprovação.

A Anvisa encaminhou ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras, e ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), ao Ministério da Justiça, à Diretoria-Geral da Polícia Federal (PF) e à Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal.