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'Perseguição aos técnicos da Anvisa é uma vergonha nacional', diz Gilmar

Gilmar Mendes expressou solidariedade aos servidores da Anvisa após ameaças - Felipe Sampaio/STF
Gilmar Mendes expressou solidariedade aos servidores da Anvisa após ameaças Imagem: Felipe Sampaio/STF

Do UOL, em São Paulo

20/12/2021 07h15Atualizada em 21/12/2021 06h01

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes chamou de "vergonha nacional" a perseguição aos técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), após o aval para vacinação de crianças contra covid-19.

A agência informou ontem, por meio de nota, que solicitou proteção policial para servidores e diretores envolvidos na aprovação do uso da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Após o anúncio da agência, ocorrido na quinta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a divulgação dos nomes dos profissionais envolvidos na aprovação.

A perseguição aos técnicos da Anvisa é uma vergonha nacional. Mostra como o discurso do ódio chegou a níveis alarmantes no país. Aos servidores da agência, expresso minha solidariedade. Conclamo que as autoridades policiais investiguem e garantam a segurança das famílias Gilmar Mendes, ministro do STF

Decano da Corte, Gilmar estará no UOL entrevista desta segunda-feira (20) ao vivo, no Canal UOL, às 10 da manhã.

A Anvisa encaminhou ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras, e ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), ao Ministério da Justiça, à Diretoria-Geral da Polícia Federal (PF) e à Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal.

De acordo com a Anvisa, os diretores e servidores que participaram da indicação do uso da vacina para crianças entre 5 e 11 anos foram surpreendidos no sábado por "publicações nas mídias sociais na internet de ameaças, intimidações e ofensas por conta da referida decisão técnica da agência".

Vacinação de jovens é criticada por Bolsonaro

Nos últimos meses, Bolsonaro já vinha criticando o uso da vacina contra a covid-19 em jovens. Após a Anvisa anunciar a aprovação do uso em crianças, Bolsonaro afirmou que pediria o nome dos profissionais envolvidos, para divulgação.

"Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas", afirmou Bolsonaro, durante sua live semanal. "A responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças, então quem é responsável por olhar as crianças é você, pai. Eu tenho uma filha de 11 anos de idade e vou estudar com a minha esposa bastante isso aqui", acrescentou o presidente.

Os nomes dos técnicos responsáveis pela resolução, no entanto, são de domínio público. Em entrevista ao UOL News na sexta-feira (17), o gerente geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, afirmou que a decisão foi tomada com base em critérios técnicos.

Ontem, o chefe do Executivo federal voltou a criticar a Anvisa pela decisão e questionou supostos efeitos adversos — sem, no entanto, apresentar dados — e repetiu ser a favor da "liberdade" de não se vacinar, ainda que isso represente um risco a outras pessoas.

"Criança é uma coisa muito séria. Não se sabe os possíveis efeitos adversos futuros. É inacreditável, desculpa aqui, o que a Anvisa fez. Inacreditável", disse o mandatário.

Os técnicos da agência analisaram um estudo feito com 2.250 crianças, divididas em dois grupos. Dois terços tomaram vacina e um terço tomou placebo (substância que não tem efeito no organismo) em um esquema de duas doses, com intervalo de 21 dias.

A pesquisa comprovou que o imunizante é seguro e eficaz, com benefícios que superam os riscos.