Servidores da Anvisa relatam ameaças após aprovação de vacina para crianças
Servidores e diretores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) relataram ameaças e temor de represálias, mostrou uma reportagem do Fantástico, da TV Globo. Tudo isso por terem aprovado o uso da vacina da Pfizer contra a covid-19 para crianças de 5 a 11 anos.
Após o anúncio da liberação, na última quinta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a divulgação dos nomes dos profissionais envolvidos na aprovação. Os nomes dos técnicos responsáveis pela resolução, no entanto, são de domínio público.
O diretor de Comunicação da Associação dos Servidores da Anvisa, Fábio Rosa, lembra que a fala vem de uma sequência de ameaças. Em outubro, um email enviado por um homem trazia ameaças de morte aos diretores. Alguns dias depois, outra mensagem anônima endereçou a ameaça a todos os funcionários.
"Eu acredito que esse tipo de comportamento na democracia, no regime democrático, tem que ser enfrentado com muita coragem, porque nós não podemos ficar reféns do medo", disse.
Uma servidora que não quis se identificar disse que a fala de Bolsonaro causa medo: "Existe um certo temor na equipe que está envolvida com a avaliação das vacinas das consequências dessa fala". Ela disse não ser possível "excluir qualquer risco" em relação à divulgação dos nomes daqueles que trabalharam com o tema.
Os funcionários demonstram apreensão com a própria segurança e de familiares. Alguns dizem ter medo de represálias inclusive na rua, na vizinhança de onde moram, e em locais que frequentam.
Isso porque, após a fala do presidente da República, as pessoas subiram o tom nas ameaças. Nas redes sociais, as redes bolsonaristas que já atacavam os imunizantes, divulgaram fotos e dados dos funcionários da Anvisa.
Pedido de proteção
Hoje, a agência informou, por meio de nota, que solicitou proteção policial para os funcionários envolvidos na aprovação da imunização infantil. O órgão encaminhou um ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras, e ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), ao Ministério da Justiça, à Diretoria-Geral da Polícia Federal (PF) e à Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes comentou os ataques aos servidores da agência. O magistrado disse que "a perseguição aos técnicos da Anvisa é uma vergonha nacional".
"Mostra como o discurso do ódio chegou a níveis alarmantes no país", escreveu no Twitter.
Decisão sairá em janeiro
A AGU (Advocacia-Geral da União) informou hoje ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a decisão sobre vacinar crianças entre 5 e 11 anos sai apenas em janeiro. O calendário que consta em resposta oficial, após pedido do Ricardo Lewandowski, é o mesmo antecipado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
De acordo com o documento, será feita uma consulta pública entre os dias 23 de dezembro e 2 de janeiro de 2022 sobre o tema. Depois, uma audiência pública está prevista para 4 de janeiro. O resultado final e a apresentação do plano para vacinação infantil sai no dia 5 de janeiro.
O ministro da pasta tem afirmado que é preciso ouvir especialistas sobre o tema. Segundo Queiroga, não é consensual a vacinação em crianças. Mas não é isso que dizem a Anvisa, ou especialistas e sociedades médicas, que comemoraram a recomendação.
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