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Jantar com pessoas já presas, diz Bolsonaro sobre encontro Lula-Alckmin

Presidente Jair Bolsonaro critica encontro que reuniu também autoridades de nove partidos - Isac Nóbrega/PR
Presidente Jair Bolsonaro critica encontro que reuniu também autoridades de nove partidos Imagem: Isac Nóbrega/PR

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

23/12/2021 20h37

O presidente Jair Bolsonaro (PL) dedicou parte da sua live de antevéspera de Natal hoje para criticar o jantar entre o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) em São Paulo no último domingo (19). Os três poderão se enfrentar nas eleições de 2022.

Ao lado do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, Bolsonaro debochou o título "Jantar pela Democracia" e criticou os presentes, como o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, e definiu o jantar como "pessoas que já foram presas".

O encontro, que reuniu Lula e Alckmin pela primeira vez desde que surgiram especulações para uma possível chapa conjunta à presidência, tinha autoridades de nove partidos — aliados ou não a Lula.Além de Calheiros, estavam presentes os governadores Rui Costa (PT-BA) e Paulo Câmara (PSB-SP), o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido-RJ) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT).

"Você iria num jantar onde estivesse presente [os senadores] Renan Calheiros, Osmar Aziz [PSD-AM], Randolfe Rodrigues [Rede-AP]? Acho que não, né? Esse trio tava lá, assim como outras pessoas conhecidíssimas da política nacional — algumas já foram presas, inclusive", criticou Bolsonaro.

Embora não fosse o objetivo oficial do encontro, o jantar serviu para debater possíveis alianças para enfrentar Bolsonaro em 2022. Com Lula como principal estrela, marcaram presença ainda os presidentes nacionais do PT (Gleisi Hoffmann), MDB (Baleia Rossi), PSD (Gilberto Kassab), PSB (Carlos Siqueira) e Solidariedade (Paulinho da Força).

E, lógico, aquela pessoa famosíssima no mundo todo, né? O Lula. Patrocinando e falando em 'jantar da democracia'. Tá na cara que o cardápio foi ministério fatiado, bancos como Caixa e Banco do Brasil loteados.
Jair Bolsonaro em live de hoje (23)

Lula é o principal adversário de Bolsonaro na disputa presidencial para o ano que vem. Segundo o último DataFolha, da semana passada, o petista venceria no primeiro turno com 48% dos votos. O atual presidente aparece em segundo, com 22%

"Jantar da democracia? É brincadeira. Democracia para partilhar o que não é deles", debochou Bolsonaro.

O jantar, realizado em um restaurante de luxo nos Jardins, foi organizado pelo grupo de advogados Prerrogativas com o objetivo de arrecadar dinheiro para a campanha de distribuição de alimentos "Tem Gente Com Fome", da Coalizão Negra por Direitos. Houve cerca de 500 presentes, com ingressos vendidos a R$ 500.

Os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Rodrigo Pacheco (PSD) e Simone Tebet (MDB) também foram convidados, mas não compareceram.

"Não estará votando apenas para presidente"

Bolsonaro também não deixou de lembrar aos expectadores que o candidato eleito no ano que vem deverá indicar pelo menos dois ministros ao STF (Supremo Tribunal Federal) com as aposentadorias de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber em 2023.

"Deixar claro para vocês: ano que vem tem eleições. Quem se eleger ou se reeleger indica aí mais dois ministros. Então você não está votando para presidente apenas, está votando para duas vagas no Supremo", afirmou Bolsonaro. "Olha a sua responsabilidade."

A tática tem sido usada eleitoralmente por Bolsonaro. Em 2020, ele já havia indicado Kassio Nunes Marques, no segundo semestre, indicou o ex-AGU (Advogado Geral da União) André Mendonça por ser "terrivelmente evangélico" - e já indicou que deverá repetir o feito.

São ministros que têm uma certa afinidade com a gente. Qual é? Defende pautas de família, de armas, de liberdade religiosa, de liberdade democrática. Duvido que esses dois ministros que eu coloquei lá vão agir de formas diferentes do que eu to falando agora, nessas questões macro. [É preciso] paciência para muita coisa. Dá para atingir nossos objetivos.
Presidente Jair Bolsonaro (PL)

"Agora, se você quiser outra pessoa chegue lá e indique ministros que tenha afinidade com essa outra pessoa, você decide. A democracia está aí cambaleando muitas vezes", afirmou o presidente.