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Senadores querem convocar Queiroga para detalhar a vacinação de crianças

18.ago.2021 - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante depoimento à CPI da Covid, no Senado - Jefferson Rudy/Agência Senado
18.ago.2021 - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante depoimento à CPI da Covid, no Senado Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

06/01/2022 15h45Atualizada em 06/01/2022 15h58

Um grupo de 14 senadores quer convocar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao Congresso Nacional para que ele detalhe como será a vacinação infantil contra a covid-19 e outras ações tomadas pelo governo federal diante da atual fase da pandemia do novo coronavírus no país.

Um requerimento de convocação foi apresentado pelo líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O documento é assinado por ele mais 13 senadores: Zenaide Maia (PROS-RN), Paulo Rocha (PT-PA), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Fabiano Contarato (PT-ES), Simone Tebet (MDB-MS), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Rogério Carvalho (PT-SE), Jorge Kajuru (Podemos-GO), Humberto Costa (PT-PE), Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Eduardo Braga (MDB-AM) e Otto Alencar (PSD-BA).

Os senadores pretendem que Queiroga compareça perante a Comissão Representativa do Congresso Nacional em meio a discussões do governo federal sobre como conduzir a vacinação infantil e ao aumento de casos tanto de covid-19 quanto de gripe.

Não há, porém, perspectiva para a votação do requerimento no futuro próximo —o Congresso está de recesso até o fim do mês— nem data para a eventual ida do ministro ao Parlamento.

No documento, os senadores pedem que Queiroga preste explicações sobre os seguintes temas:

  • vacinação de crianças de 5 a 11 anos;
  • quantidade de doses adquiridas pelo Brasil para 2022;
  • cronograma de distribuição de vacinas e de vacinação para 2022;
  • medidas sanitárias para conter o avanço da variante ômicron e da coinfecção por coronavírus e influenza ("flurona") no país;
  • "apagão" dos dados de infecções, internações e mortes por covid-19;
  • políticas de testagem da população;
  • hackeamento e integridade dos sistemas de informação do Ministério da Saúde, em especial o ConecteSUS.

No texto apresentado para a convocação de Queiroga, os senadores justificam que "restam dúvidas sobre as estratégias e as políticas traçadas pelo governo federal sobre a suficiência do quantitativo de vacinas adquiridas pelo Brasil para aplicação em 2022, assim como o respectivo cronograma de distribuição e aplicação de doses nas crianças, na população adulta não vacinada e naquela em que será necessária a aplicação de doses de reforço".

Vacinação de crianças contra a covid-19

Ontem, o Ministério da Saúde incluiu crianças entre 5 e 11 anos no plano nacional de vacinação contra a covid-19, mas sem a exigência de prescrição médica, ao contrário do que defendia o presidente Jair Bolsonaro (PL). O anúncio aconteceu em meio à pressão de especialistas, secretários de Saúde e governadores, que vinham cobrando agilidade do governo federal.

De acordo com a pasta, 3,7 milhões de crianças devem ser vacinadas ainda em janeiro, mas Queiroga reforçou que tudo dependerá da capacidade de produção da Pfizer. O primeiro lote de vacinas está previsto para chegar ao Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), em 13 de janeiro, e no dia seguinte já poderá ser repassado aos estados e municípios.

O Ministério da Saúde diz ter encomendado todas as doses necessárias para atender o público-alvo de 20 milhões de crianças, e prevê que todas serão entregues no primeiro trimestre deste ano. A campanha será realizada por faixa etária decrescente — isto é, das mais velhas para as mais novas —, com prioridade para aquelas que tenham comorbidades ou deficiências permanentes.

Mesmo sem a necessidade de receita, o Ministério da Saúde orienta que pais e responsáveis procurem a orientação de um médico antes da vacinação, que não será obrigatória.

O intervalo entre a primeira e a segunda dose será de oito semanas, maior que o período de três semanas recomendado na bula.

20 dias após aval da Anvisa

A vacinação do público infantil contra a covid-19 foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) há quase três semanas, em 16 de dezembro de 2021. Para a tomada de decisão, a agência analisou um estudo feito com 2.250 crianças que comprovou que o imunizante da Pfizer é seguro e eficaz, com benefícios que superam os riscos.

Mas o Ministério da Saúde resolveu adiar a decisão de incluí-las na campanha nacional para hoje, depois de elaborar uma consulta pública — encerrada no domingo (2) — sobre o tema. No questionário, que recebeu críticas de sociedades médicas e científicas, a maioria dos participantes já havia rejeitado a obrigatoriedade de prescrição médica para vacinar crianças.