Zema contraria geólogos e diz que não dava para prever desabamento de rocha
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse hoje que o acidente em Capitólio (MG), que deixou 10 mortos e dezenas de feridos, era imprevisível. Ontem, uma rocha desabou e atingiu lanchas que passeavam na região.
"Sabemos que aquela estrutura, nunca no passado, foi acometida de fato semelhante a esse ", disse, em entrevista coletiva na tarde de hoje. E completou: "não sou nenhum especialista nessa área, mas quero deixar claro que o que aconteceu ali é algo inédito".
Questionado sobre possíveis responsáveis pela tragédia, e se era possível evitar as 10 mortes, Zema disse que a Polícia Civil e a Marinha farão investigações sobre o caso. No entanto, ele não acredita que nada pudesse impedir o acidente.
"Poderia [evitar] da mesma maneira que nós podemos evitar que nenhuma rocha venha a rolar de nenhuma montanha no Brasil. É algo inédito, que nunca aconteceu anteriormente. Nos últimos 100 anos nós não sabemos de nenhuma ocorrência dessa. Então seria algo muito difícil de se prever", afirmou.
Especialistas, porém, dizem o contrário. Na avaliação do geólogo Pedro Luiz Côrtes, do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Universidade de São Paulo), a queda da rocha era previsível.
"Os riscos eram evidentes. O fraturamento daquela rocha por causas naturais é facilmente perceptível. O fato de isso não ser presenciado com frequência não diminui o risco, não diminui o fato das pessoas poderem perder a vida", disse à GloboNews.
O governador defendeu que a região seja acompanhada por análises técnicas de geólogos para estabelecer um "nível de risco aceitável ou não". Para Zema, a ideia é que em determinadas épocas do ano, dependendo da intensidade das chuvas, o acesso não seja permitido.
"Nós queremos viabilizar - e vamos - turismo com segurança. É possível sim. Queremos que toda região aqui continue atraindo turistas, mas a partir de agora um cuidado adicional será exigido", disse.
"Declaração infeliz"
O prefeito de Capitólio, Cristiano Geraldo da Silva, admitiu ontem (9) que um estudo de análise de risco geológico nunca foi feito no local onde ocorreu o desabamento do paredão de rocha. O acidente deixou dez pessoas mortas e outras dezenas de vítimas feridas.
"Então, até o momento, não [nunca foi debatida a análise de risco geológico]. Eu acredito, assim, que para a gente olhar dentro de uma tragédia e fazer um questionamento desse não seria virtuoso. Daqui para frente, sim, a gente precisa fazer uma análise dessa. Porque, isso daí... ah, foi uma falha de quem explora o turismo? Acredito que não."
O geólogo Pedro Luiz Côrtes contesta o posicionamento do gestor. "Uma declaração muito infeliz. Mostra que não temos cultura de prevenção. Adota-se uma postura de 'remediação'. Após o problema ocorrido, vão procurar culpados, começa o jogo de 'empurra-empurra' e vai partir para algum tipo de solução."
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