Prando: Bolsonaro esgarçou, mas não conseguiu romper tecido democrático

Em participação ao UOL News da noite de hoje, o cientista político Rodrigo Prando repercutiu o relatório divulgado pela ONG Human Rights Watch que diz que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaça a democracia no Brasil.

Na visão do especialista, o presidente da República esgarçou, mas não conseguiu romper o tecido democrático.

"Se você submeter um tecido a constante tensão, você tem duas possibilidades: ou arrebenta o tecido ou leva a um esgarçamento. A ruptura não veio", disse.

Relacionadas

Pesquisa confirma que Sergio Moro até agora é fiasco como presidenciável

Temer diz que se Bolsonaro tivesse combatido a pandemia, seria reeleito

?Boas-vindas? de Bolsonaro à ômicron age como fumaça para a inflação a 10%

"O presidente Bolsonaro, embora muitas vezes tenha verbalizado e tenha deixado claro o interesse em conturbar o ambiente político, ele manteve o tensionamento durante esses três anos, mas ele não teve as condições objetivas de levar a uma ruptura institucional. Mas mesmo assim fica o esgarçamento do tecido democrático", acrescentou.

Por conta disso, o cientista político lembra que a democracia exige cuidado constante e cotidiano, e não se limita a ida às urnas.

"Você tem antes, durante e depois do dia da eleição. O antes, QUE é escolher e ter posicionamentos críticos em relação aos candidatos, e o depois, que é acompanhar criticamente [o eleito]."

Ainda na avaliação de Prando, este ano a população brasileira terá o maior teste da democracia do país desde 1989, quando Fernando Color derrotou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno.