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Lula é maior que o PT e partido sabe disso, diz Tales Faria

Colaboração para o UOL*, em São Paulo

14/01/2022 20h50

Em participação no UOL News, o colunista Tales Faria repercutiu a declaração do ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante, que falou hoje sobre o futuro plano de governo do PT para as eleições presidenciais ser dedicado à economia popular. Ele também criticou o debate político focado apenas na "agenda da Faria Lima", referência à região paulistana onde se concentram empresas do mercado financeiro.

Para o jornalista, depois das eleições, o Brasil vai estar numa situação econômica terrível, por isso, não dá para saber o que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai fazer em relação à economia. "Muito embora exista uma discussão entre liberalismo e heterodoxia, não dá para prever se o Lula vai ser heterodoxo, como é o Mercadante, ou se vai mudar para transformar-se num liberal, como seria o seu provável vice, [Geraldo] Alckmin", avaliou.

Outro ponto levantado pelo colunista é uma "luta interna" na campanha do petista. Segundo Tales Faria, o PT se coloca num papel de assegurar a manutenção do apoio de esquerda a Lula e, ao mesmo tempo, estica a corda com o centro para tentar defender algumas teses petistas, mesmo sabendo que vai perder.

"E o Lula vai ser o grande juiz desse processo. Algumas vezes vai pender para o PT e, outras, não. O Lula é maior que o PT e o partido sabe disso, por isso está jogando a esquerda à espera de um outro movimento do Lula."

Pesquisa eleitoral

Pesquisa Ipespe encomendada pela XP Investimentos e divulgada hoje mostra que Lula segue na liderança do primeiro turno da disputa eleitoral para a presidência em 2022, com 44% das intenções de votos. O petista aparece com uma vantagem de 20 pontos percentuais sobre o segundo colocado, o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 24%, mesmos índices do levantamento realizado em dezembro.

Faria destacou que, num eventual segundo turno, Bolsonaro seria derrotado não só por Lula, como também por Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e até João Doria (PSDB).

"O que acho interessante ressaltar é que Bolsonaro pouco ou nada se beneficia quando o Moro é retirado da disputa. No cenário em que ele foi substituído pelo pré-candidato do Cidadania, senador Alessandro Vieira, Bolsonaro ganhou apenas 1 ponto percentual. O Lula também não se beneficiou, ficando com os mesmos 44% das intenções de votos", disse.

"Ciro, nesse caso, foi o maior beneficiário, passando a ocupar o terceiro lugar. Mas o que cresceu mesmo foi o número dos que não votariam em ninguém: passaram de 6% para 11%. Isso mostra é que se Bolsonaro sair da disputa, vai começar uma nova eleição."

(*Com informações de Henrique Santiago, do UOL, em São Paulo)