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Orçamento 2022: Bolsonaro só pensa em reeleição desde a posse, diz Botelho

Colaboração para o UOL, no Rio

24/01/2022 18h36Atualizada em 24/01/2022 19h13

O advogado e colunista do UOL Augusto de Arruda Botelho disse, no UOL News desta noite, que os vetos dados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no Orçamento de 2022 exemplificam a tentativa do chefe do Executivo federal de se reeleger.

Publicado no DOU (Diário Oficial da União) de hoje, o Orçamento deste ano traz uma série de cortes determinados por Bolsonaro. Somente os ministérios do Trabalho e Educação perderam, juntos, R$ 1,8 bilhão, sendo R$ 1 bilhão da pasta comandada por Onyx Lorenzoni (Trabalho) e R$ 802,6 milhões da chefiada por Milton Ribeiro (Educação).

"Bolsonaro, desde o primeiro dia de sua posse, pensa em uma coisa só: como vai fazer para ser reeleito? Ele só faz discursos para seus apoiadores em qualquer lugar que vai. Não importa o lugar, Bolsonaro está sempre falando para seus apoiadores, pensando já, a todo o momento, na sua reeleição. É a única coisa que ele pensa", disse Botelho à apresentadora do Canal UOL Natália Mota.

O advogado vê que os vetos no Orçamento deste ano foram feitos em áreas importantes para o país. Além da Economia e Educação, houve cortes também nos ministérios do Desenvolvimento Regional (R$ 458,7 milhões), Cidadania (284,3 milhões) e Infraestrutura (R$ 177,8 milhões).

O que Bolsonaro faz a todo o momento desde que percebeu que as modificações e suas articulações políticas não dariam certo é tentar de certa forma dinheiro para se viabilizar eleitoralmente. E a contraparte disso é que se dinheiro vai para um lado, ele falta do outro
Augusto Botelho, sobre vetos no Orçamento de 2022

Saúde também perdeu recursos

Na Saúde, Bolsonaro vetou a aplicação de R$ 74,2 milhões, sendo R$ 12,7 milhões em verbas de pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

O presidente também tirou R$ 8,6 milhões do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) destinados à formação, à capacitação e à fixação de recursos para o desenvolvimento científico. Ainda foram cortados outros R$ 859 mil para o fomento de projetos de pesquisa e desenvolvimento científico financiados pelo CNPq.

"Infelizmente, esse dinheiro que vai faltar é o dinheiro que tanta falta para o nosso país, que é o dinheiro da Educação. São mais de R$ 740 milhões que vão ser retirados da Educação. Metade desse dinheiro vai sair do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, milhões de reais retirados da pesquisa, da Fiocruz, do CNPq, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação", disse Botelho.

Aumento para servidores

Apesar dos vários vetos de aplicação de recursos em diversos ministérios, Bolsonaro manteve R$ 1,74 bilhão para serem gastos com reajuste de servidores. Embora ainda não tenha batido o martelo, o presidente já demonstrou interesse em conceder o aumento à área de segurança pública. A promessa, inclusive, gerou revolta de outros setores públicos da União.

Botelho classifica esse possível reajuste à segurança como "privilégio" dado por Bolsonaro à categoria, em detrimento de outras. Para ele, essa é uma mais tentativa do presidente de agradar uma de suas principais bases eleitorais.

O que o Bolsonaro está fazendo é indiretamente comprando parte dessa categoria, pensando exclusivamente, mais uma vez, em votos. É um absurdo. Há vedação legal para este tipo de posicionamento. Fazer uso politico de reajuste salarial é o que não pode acontecer
Augusto de Arruda Botelho