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PL escolhe deputado bolsonarista como vice-presidente do partido

O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) em audiência na Câmara dos Deputados - Will Shutter/Câmara dos Deputados
O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) em audiência na Câmara dos Deputados Imagem: Will Shutter/Câmara dos Deputados

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

29/01/2022 20h37Atualizada em 29/01/2022 20h37

O PL (Partido Liberal) escolheu hoje o deputado federal bolsonarista Capitão Augusto (PL-SP) como um dos vice-presidentes do partido na convenção nacional da sigla realizada em Brasília.

Com a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao PL em novembro do ano passado, algumas das principais tarefas de Capitão Augusto deverão ser articular a filiação de outros deputados bolsonaristas à sigla e reforçar os ideais da ala que apoia o mandatário. A iniciativa visa preparar melhor o partido para as eleições de outubro e a pré-candidatura de Bolsonaro à reeleição.

Um dos principais membros da tropa de choque de Bolsonaro na Câmara dos Deputados, o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ), conhecido também como Hélio Negão, e o irmão do presidente, Renato Bolsonaro, estiveram na convenção nacional do PL.

O PL é um partido do centrão e costuma se aliar ao governo que estiver no poder.

Segundo a assessoria do PL, Capitão Augusto foi eleito por unanimidade. O partido é comandado pelo cacique político Valdemar Costa Neto, condenado e preso no mensalão.

"Tenho como principal missão neste primeiro momento, de percorrer o Brasil participando de eventos e convenções do Partido Liberal, divulgar as ações do partido, promover filiações e criação de diretórios em todos municípios do Brasil e fortalecer a imagem junto as redes sociais e imprensa", afirmou Capitão Augusto, em nota.

Além de um numeroso grupo de candidatos leais a Bolsonaro e alinhados ao ideário do atual presidente, o PL deve chamar a atenção durante as eleições pela composição, no mínimo, eclética.

Essa é uma característica que pode, de acordo com avaliações internas, ajudar a obter votos fora do espectro político conservador e de extrema-direita —onde o atual presidente da República já possui prevalência.

Destacam-se, por exemplo, o comediante Tiririca, o pastor Marco Feliciano e o próprio Capitão Augusto, policial militar e líder da Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como bancada da bala, na Câmara —todos eleitos deputados por São Paulo em 2018.

O PL atualmente tem 43 parlamentares na Câmara (perdendo em número de deputados apenas para o PT, com 53, e para o PSL, com 55), segundo o portal da Casa. Na próxima eleição, quer obter de 50 a 70 das 513 cadeiras da Câmara federal, de acordo com projeções da cúpula partidária.

As lideranças dos diretórios regionais do PL têm sido trocadas a fim de serem comandados por políticos mais alinhados aos interesses atuais de Costa Neto e de Bolsonaro. Os filiados que preferem apoiar políticos mais de esquerda, como o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), devem perder espaço no partido. O PL já foi da base de apoio do governo Lula no Congresso Nacional.

Alianças em formação e preferências políticas de Costa Neto têm gerado temor de "abandono" em aliados do presidente Jair Bolsonaro que não pertencem à legenda.

Dissidente

Sem espaço no PL após a filiação de Bolsonaro, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (AM), acertou a sua saída da legenda. Segundo ele, o divórcio foi "amigável".

A ruptura ocorreu porque o deputado se apresenta como um opositor ao presidente da República. Após conversas com Valdemar Costa Neto, as partes concordaram que sua permanência no partido seria "incompatível".