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Flávio Bolsonaro diz que é fundamental que presidente vá a debates

O senador Flávio Bolsonaro com o pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) - Adriano Machado/Reuters
O senador Flávio Bolsonaro com o pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) Imagem: Adriano Machado/Reuters

Do UOL, em São Paulo

11/02/2022 09h24

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) e peça-chave na campanha do mandatário à reeleição em 2022, disse em entrevista à revista Crusoé que o pai "não é o monstro que desenham" e tem respeito pela democracia e pela liberdade de imprensa.

Flávio salientou que é "fundamental" que Bolsonaro vá aos debates desta vez, citando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aparece à frente nas pesquisas de intenção de voto. "Vai ser uma oportunidade maravilhosa de mostrar aos brasileiros quem de fato é o ex-presidiário."

Em 2018, Bolsonaro declinou o convite para participar da maioria dos debates (ele compareceu aos dois primeiros, da Band e da RedeTV!) e sofreu um atentado na reta final das eleições. Pela primeira vez desde a redemocratização, o segundo turno não teve nenhum debate.

Sobre as pretensões de Fabrício Queiroz de concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, o senador reconheceu que "obviamente durante a campanha isso vai gerar algum desconforto", mas disse que é um direito dele e não indicou se o ex-assessor terá seu apoio.

Não tenho condições de falar que vou apoiar. Quem sou eu para falar ao Queiroz que não seja candidato? Ele tem a vida própria dele, o CPF dele, a vontade dele. Se ele quer ser candidato, é um direito dele. Ele hoje tem condições, é ficha limpa. Mas obviamente durante a campanha isso vai gerar algum desconforto, porque a oposição vai querer explorar isso, ele estará em evidência, mesmo sabendo que não há nada contra ele Flávio Bolsonaro

Os dois estiveram juntos no fim do ano, em Brasília, conforme relato do próprio Flávio à revista. "Eu disse a ele: 'Não tenho nenhum direito de impedir a sua candidatura ou de te incentivar. Estou com a cabeça em outro lugar. Estou preocupado com as coligações, em organizar os palanques do presidente nos estados'. Ele falou que ia seguir a vida dele, e eu disse: 'Boa sorte, corre atrás'. Ele tem chance, né? Acabou virando um cara famoso, indiscutivelmente."

No ano passado, a Quinta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu, por 4 votos a 1, anular as medidas cautelares que permitiram a coleta de provas da investigação de suspeita de rachadinha no gabinete de Flávio, quando ele era deputado estadual.

'Brasil deve muito ao Paulo Guedes'

Questionado se o ministro da Economia, Paulo Guedes, virou um "estorvo" para o governo, Flávio negou e disse que o país deve muito a ele e sua equipe.

Segundo o político, o governo tem feito "o possível e o impossível" para reduzir os impactos provocados pela pandemia da covid-19, citando o auxílio emergencial e o Auxílio Brasil.

Na avaliação de Flávio, o governo não perdeu o discurso do combate à corrupção ao ter ao seu lado figuras como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e Valdemar Costa Neto, que figuraram em escândalos recentes, como o mensalão e a Lava Jato.

"O presidente não tem compromisso com parlamentar que tem condenação de corrupção. O compromisso é não coadunar com isso", diz.

Escolha do vice é do presidente

Questionado sobre os nomes que tem sido ventilados para compor a chapa do pai como vice — a ministra da Agricultura, Tereza Cristina e o ministro da Defesa, Braga Netto —, Flávio disse que a escolha é "personalíssima" do presidente.

"Além da questão de como o eleitor enxerga a chapa, o vice vai ficar mais para o final, porque também tem o componente da coligação, os partidos que vão caminhar conosco. É natural que queiram sugerir alguns nomes. Também tem a questão da confiança. A gente sabe que na história do Brasil há precedentes de vices que, em algum momento, se assanharam em trabalhar pela derrubada do presidente", afirma.

O senador elogiou o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), dizendo que ele foi "muito leal" a Bolsonaro. Mourão deve se candidatar ao Senado.

A respeito da vacinação contra a covid-19, Flávio negou que tenha havido atraso por parte do governo e crê que o eleitor "vai entender que Bolsonaro foi atacado por parte da mídia". Em entrevista publicada ontem pelo jornal O Globo, o parlamentar admitiu que a atuação do presidente em relação à imunização gerou um desgaste para o governo.

Apurações da CPI da Covid, no Senado, mostraram que o Ministério da Saúde ignorou mais de 80 e-mails da Pfizer. Em março de 2021, o jornal "Folha de S.Paulo" noticiou que o governo rejeitou uma proposta de entrega de 70 milhões de doses da farmacêutica até dezembro de 2020.

Flávio desacreditou as diferentes pesquisas que mostram o pai atrás de Lula e disse que o mandatário "tem tido agora uma postura muito mais responsável na hora de falar alguma coisa, porque ele entendeu que a distorção do que ele fala se volta contra ele".

Ele classificou a fala do presidente contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes nas manifestações do 7 de setembro como algo "no calor da emoção" e lembrou que ele recuou dias depois, com a divulgação de uma carta à nação.

Sobre o encontro do presidente com Moraes e o ministro Edson Fachin nesta semana, Flávio disse entender "como um gesto bastante importante, de que todos querem a mesma coisa: uma eleição limpa e transparente".

'Moro foi desleal e incompetente'

Sobre o pré-candidato Sergio Moro (Podemos), ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, Flávio disse que ele foi "desleal e incompetente" e crê que os votos que ele terá no primeiro turno "serão uma poupança para nós no segundo turno".

"Algumas pessoas acreditam que, pelo fato de ter sido um bom juiz, será um bom político. Ele já provou que não é. Foi desleal e incompetente (...) Quem hoje escolhe Moro por conta dessa rejeição criada em torno de Bolsonaro, e que vamos reverter, votará em nós no segundo turno. Acho difícil alguém que pensa em votar no Moro cogite votar no ex-presidiário", disse ele, se referindo a Lula.