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STF dá 5 dias para PGR se manifestar sobre ida de Carlos Bolsonaro à Rússia

Carlos Bolsonaro chora em sessão da Câmara - Reprodução/Rio TV Câmara
Carlos Bolsonaro chora em sessão da Câmara Imagem: Reprodução/Rio TV Câmara

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

23/02/2022 15h59

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu o prazo de 5 dias para a PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifestar sobre o pedido de investigação da participação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na comitiva que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagem à Rússia na semana passada.

A ação atende a um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolado na Corte na semana passada.

"Salta aos olhos como o discurso se alterou após a derrota de Trump na eleição para presidência dos EUA. O governo Bolsonaro, subserviente aos interesses de Trump, deixou de ter contato com aquele país, e agora volta seus interesses para Rússia", destacou o congressista na representação enviada ao STF.

O pedido foi protocolado no mesmo inquérito que apura a realização de atos com pautas antidemocráticas no país. Na ação, Randolfe cogita que a visita de Bolsonaro ao Kremlin (sede do governo russo) possa representar um risco às eleições presidenciais deste ano.

"Qual é a verdadeira razão para uma viagem à Rússia em momento internacional tão delicado, com ausência de ministros e a presença de numerosos integrantes de seu gabinete do ódio, e no início do ano eleitoral, cujo pleito, ao que indicam as pesquisas de intenções de votos e de rejeição ao governo até o presente momento?", indaga o congressista.

Segundo investigadores, Tercio Arnaud, passava vídeos do presidente para canais bolsonaristas no YouTube - Facebook/Reprodução - Facebook/Reprodução
Segundo investigadores, Tercio Arnaud, passava vídeos do presidente para canais bolsonaristas no YouTube
Imagem: Facebook/Reprodução

No pedido encaminhado ao STF, Randolfe solicita que sejam tomados os depoimentos do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro e do assessor-especial da Presidência da República, Tércio Arnaud, que acompanharam o presidente na comitiva.

Questionado nesta semana sobre a presença de Carlos na viagem, Bolsonaro afirmou que o filho administra suas redes sociais.

A presença de Tercio Arnaud no grupo precursor da comitiva de Bolsonaro à Rússia provocou o corte de ministros que acompanhariam Bolsonaro na viagem, como Paulo Guedes (Economia).

"Gabinete do ódio" é como ficou conhecido o grupo de assessores de Bolsonaro que, segundo a CPI das Fake News, atuariam em conjunto com uma suposta milícia digital de apoiadores do presidente a fim de atacar seus adversários e espalhar desinformação.

Em relatório encaminhado ao STF, a PF (Polícia Federal) disse na semana passada que a milícia digital estaria usando a estrutura do chamado "gabinete do ódio". O documento foi elaborado pela delegada Denisse Ribeiro.

Divulgação de agenda

Randolfe Rodrigues, em sua representação no STF, pede ainda a divulgação da agenda individualizada de cada um dos integrantes da viagem, com a exposição sumária dos temas tratados e a apresentação dos resultados individualizados da comitiva presidencial.

O UOL pediu ao Itamaraty um consolidado de todos os protocolos e memorandos de entendimento que tenham sido assinados por ocasião da visita de Bolsonaro à Rússia.

"No contexto da visita do senhor presidente da República a Moscou, foi assinado o Protocolo de Emenda ao Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da Federação da Rússia sobre Proteção Mútua de Informações Classificadas, de 2008, a fim atualizar os níveis de equivalência de classificação da informação", respondeu o MRE (Ministério das Relações Exteriores) em nota.

"Além do referido protocolo, os presidentes dos dois países também chegaram a entendimentos em diversos temas, conforme consta do Comunicado Conjunto publicado no sítio eletrônico do Itamaraty", disse a pasta.

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