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Bolsonaro desembarca em Moscou para encontro amanhã com Vladimir Putin

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

15/02/2022 10h18Atualizada em 15/02/2022 11h25

O presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarcou em Moscou na manhã de hoje (15) após mais de 15 horas de viagem entre Brasília e a capital russa. Na chegada, o governante desceu da aeronave oficial usando máscara de proteção contra a covid-19 e, em seguida, foi recepcionado por militares do país do leste europeu.

Bolsonaro terá agenda amanhã com o presidente russo, Vladimir Putin. Não há compromissos oficiais previstos para hoje.

O foco da viagem é a crise dos fertilizantes. A ida à Rússia ocorre em meio a clima de tensão internacional em razão da possibilidade de o gigante europeu iniciar um conflito armado com a Ucrânia.

O Itamaraty orientou o chefe do Executivo federal a não comentar a possibilidade de uma guerra entre os países vizinhos, exceto se o assunto for abordado por Putin durante o encontro.

Bolsonaro foi aconselhado a cancelar ou adiar a ida à Rússia, mas decidiu ignorar os alertas e manteve a programação inicial —ele ficará em Moscou até quinta-feira (17), dia em que também visitará a Hungria para encontro com o primeiro-ministro Viktor Orbán.

No sábado (12), o governante brasileiro destacou que considera a viagem importante porque o país depende da Rússia para importação de fertilizantes. E também fez um pedido de paz: "A gente pede a Deus para que reine a paz no mundo para o bem de todos nós".

Mais cedo, Bolsonaro publicou nas redes sociais que já estava no espaço aéreo russo, com uma foto da notícia de que a Rússia ordenou a retirada de parte das tropas da fronteira com a Ucrânia.

Bolsonaro e Putin estarão juntos amanhã (16), no Kremlin, sede do governo local. O visitante precisa se adequar a um rígido esquema de controle sanitário imposto pela autoridade russa. Foi solicitado que os integrantes da comitiva brasileira façam até 5 testes do tipo RT-PCR para detecção do vírus da covid-19. Um deles seria realizado entre três e quatro horas antes da agenda.

Bolsonaro estará com Putin em pelo menos dois momentos. O primeiro será um encontro de recepção, seguido por breve conversa entre os dois líderes. Posteriormente, Bolsonaro e outros membros da delegação brasileira participariam de um almoço no Kremlin, de acordo com o planejamento do Itamaraty.

Além das agendas com o presidente russo, Bolsonaro também participará de compromissos com representantes do Parlamento russo e com empresários da área do agronegócio.

Tensão mundial

A possibilidade de uma guerra entre Rússia e Ucrânia levou preocupação a toda a comunidade internacional. Líderes do Ocidente têm ameaçado o presidente russo, Vladimir Putin, com a aplicação de sanções severas caso o conflito aberto seja instalado. O chanceler alemão, Olaf Scholz, falou em sanções imediatas "reações duras".

O Kremlin, apesar das ameaças, mantém um amplo contingente militar nos arredores da fronteira com a Ucrânia.

Na manhã de hoje, o governo Putin anunciou o início da retirada de parte das tropas que se exercitavam perto das fronteiras do vizinho. A notícia foi bem recebida pela comunidade internacional e ajudou a aliviar um pouco o clima de acirramento, porém ainda não foi descartada a hipótese de conflito armado.

O anúncio, feito às agências de notícias russas pelo Ministério da Defesa, não especifica quantos soldados estão envolvidos na volta às suas bases permanentes, apenas que eles fazem parte dos distritos militares Ocidental e Sul, em áreas contíguas ao território ucraniano.

Ao mesmo tempo, avança a manobra russa de reconhecer as áreas separatistas na Ucrânia como governo, o que pode manter Kiev longe da adesão ao Ocidente, como deseja o presidente russo.

A crise surgiu depois da mobilização de mais de cem mil militares russos para a fronteira com a Ucrânia há várias semanas.

Moscou tem negado reiteradamente que queira atacar a antiga república soviética, mas exige certas garantias na questão da segurança, entre elas que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) não admita entre seus membros a Ucrânia, um ponto inegociável para o Ocidente.