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Bolsonaro exalta militares em Petrópolis, mas moradores já criticaram ações

Escavadeira Bobcat operada por oficiais do Exército, no fim da rua Alfredo Schilick, em Petrópolis (RJ) - Fabiana Batista/UOL
Escavadeira Bobcat operada por oficiais do Exército, no fim da rua Alfredo Schilick, em Petrópolis (RJ) Imagem: Fabiana Batista/UOL

Do UOL, em Brasília

28/02/2022 13h45Atualizada em 28/02/2022 14h17

O presidente Jair Bolsonaro (PL) exaltou hoje a presença e as ações das Forças Armadas em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, cidade atingida por fortes chuvas que provocaram deslizamentos de terra, inundações e enxurradas em 15 de fevereiro. No entanto, moradores da cidade já se queixaram do trabalho dos militares por lá.

A tragédia de Petrópolis matou ao menos 231 pessoas e deixou 5 desaparecidos, segundo dados divulgados hoje pelo gabinete integrado responsável por coordenar ações após a tragédia.

Pelo Twitter, o presidente Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas continuam atuando em Petrópolis. Ele disse que Exército, Marinha e Aeronáutica "estão sendo empregados, desde o primeiro momento da tragédia, devido à prontidão e à capacidade logística que possuem". Na mesma postagem, divulgou vídeo que mostra imagens dos militares e números relativos às ações deles na cidade.

Segundo o governo federal, mais de 1,1 mil militares são empregados, 30 vias foram desobstruídas e mais de 950 atendimentos médicos foram realizados com a ajuda das Forças, por exemplo. Também cita o transporte de toneladas de donativos e equipamentos utilizados após a tragédia.

Na semana passada, o UOL mostrou que nem todos os moradores estavam satisfeitos com as Forças Armadas. Embora ações dos militares tenham sido elogiadas, nas ruas, a presença do efetivo era questionada, especialmente nas áreas mais afetadas. Moradores não os viam nos pontos mais atingidos pela calamidade e reclamavam que os que estavam presentes eram insuficientes para dar conta do desastre.

Ao ser perguntada sobre o poder público na ajuda às vítimas das chuvas em Petrópolis, sobretudo o Exército, uma voluntária, que não quis se identificar, disse que, enquanto os moradores chegam às 7h, os militares sobem o morro apenas depois das 10h. "O Exército? Em vez de ficarem fingindo orientar o trânsito, deviam pegar na enxada aqui em cima."

Na entrada do Morro da Oficina, numa rua íngreme, a reportagem ouviu: "Te desafio a encontrar sequer um do Exército". Adriana (nome trocado a pedido da entrevistada) conta que, naquele dia, oito deles subiram o morro. "Apesar de insuficiente, estes estão sempre aqui." A reportagem viu apenas um, na ocasião.

A reportagem ainda não sabe dizer se todas as queixas relatadas por moradores foram amenizadas ou resolvidas.

O forte temporal que atingiu Petrópolis no dia 15 provocou alagamentos, inundações e deslizamentos em vários pontos. Vídeos e fotos mostraram imagens de carros e ônibus sendo arrastados por fortes correntezas, enquanto pessoas tentavam se salvar. O município decretou estado de calamidade pública.

A cidade já vinha sofrendo há dias com fortes chuvas na região, mas, naquele dia, foram registrados cerca de 260 mm de precipitação em um período de apenas seis horas, levando caos ao município.

Na época, o presidente Bolsonaro estava em Moscou, na Rússia, para visitar o presidente do país euro-asiático, Vladimir Putin. Ele sobrevoou áreas atingidas pela tragédia ao voltar para o Brasil.

O governo federal liberou recursos previstos na legislação para essas situações, colaborou com equipes e o emprego das Forças Armadas. A coordenação da Defesa Civil no Brasil está a cargo do Ministério do Desenvolvimento Regional, que também foi acionado.