Topo

Esse conteúdo é antigo

Condecorado com medalha, Bolsonaro já disse que indígena é 'pobre coitado'

12.ago.2021 - O presidente Jair Bolsonaro conversa com um grupo de indígenas Piwanamã; ele recebeu hoje medalha do mérito indigenista - Fatia Meira/FuturaPress/Estadão Conteúdo
12.ago.2021 - O presidente Jair Bolsonaro conversa com um grupo de indígenas Piwanamã; ele recebeu hoje medalha do mérito indigenista Imagem: Fatia Meira/FuturaPress/Estadão Conteúdo

Anna Satie

Do UOL, em São Paulo

16/03/2022 12h41Atualizada em 16/03/2022 15h24

O presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu hoje a medalha do mérito indigenista, concedida pelo ministro da Justiça Anderson Torres.

Criada em decreto de 1972, a homenagem é dada "como reconhecimento pelos serviços relevantes em caráter altruísticos, relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas". Entre os condecorados anteriores, estão o cacique Raoni, o primeiro deputado federal indígena, Mário Juruna, e o sociólogo Darcy Ribeiro.

Bolsonaro, porém, não reconheceu uma terra indígena desde o início do governo, em 2019, como prometeu em campanha, defende exploração de minério em território protegido, e já disse que "índio é pobre coitado". Ele também já foi denunciado duas vezes pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) pela prática de "política anti-indígena".

A coordenadora da entidade, Sonia Guajajara, afirmou que vão entrar com ação judicial para anular a medalha. "É totalmente inaceitável. Estou muito indignada com esse cinismo", escreveu nas redes sociais.

Relembre frases do presidente:

Índio não fala nossa língua, não tem dinheiro, é um pobre coitado, tem que ser integrado à sociedade, não criado em zoológicos milionários em 2014, em um ato no Mato Grosso do Sul

Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país —se bem que não prego que façam a mesma coisa com o índio brasileiro, recomendo apenas o que foi idealizado há alguns anos, que seja demarcar reservas indígenas em tamanho compatível com a população em 1998, no plenário da Câmara dos Deputados

Criamos em 1985, no final do governo Sarney, o projeto Calha Norte para vivificar o norte do nosso país e agora está demarcada como terra indígena. Estamos perdendo toda a região Norte por pessoas que não querem se inteirar do risco que estamos tendo de ter presidentes índios com borduna nas mãos em 2015, em evento em Cuiabá

A Funai, quando assumiu a transmissão, tinha destinado R$ 50 milhões para o índio mexer com bitcoin. Com todo respeito, a grande parte não sabe nem o que é dinheiro. Nós estamos libertando os índios em 2021, em entrevista à rádio 96 FM de Natal

Por que o campo está feliz com a gente? Nós não marcamos mais terra indígena. Já temos 14% demarcados por terra indígena. Chega. Você fica pensando como é que pode 10 mil índios terem uma área equivalente a duas vezes o estado do Rio de Janeiro, como os ianomâmis. Chega, não dá mais porque a intenção disso é inviabilizar a agricultura, inviabilizar o agronegócio do Brasil e virar um conflito em 2021, em entrevista à rádio 96 FM de Natal

Pode ter certeza que se eu chegar lá, no que depender de mim, todo mundo terá uma arma de fogo em casa, não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola em 2017, em evento de campanha no clube Hebraica, no Rio de Janeiro

Se eleito, vou dar uma foiçada na Funai, mas uma foiçada no pescoço em 2018, em ato de campanha

Eles [os indígenas] praticamente são como nós. É preciso também integrar os irmãos indígenas em 2022, em cerimônia no Palácio do Planalto

Meu colega do campo aqui que tem fazenda, você não tem mais a preocupação de acordar com sua fazenda sendo demarcada como uma terra indígena ou como quilombola. Acredito que você tenha sua arma já dentro da fazenda, pode usar a arma agora dentro, em todo o perímetro da sua fazenda em 2021, a apoiadores

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.