Feliciano pede que Ribeiro se afaste do MEC: 'evangélicos estão sangrando'
O deputado federal pastor Marco Feliciano (PL) pediu hoje que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, se afaste do cargo. Ele acredita que a repercussão do caso dos pastores que mesmo sem cargo tinham poderes no ministério está afetando a imagem dos evangélicos.
"Peço por favor, se licencie até o término das investigações, pois nós evangélicos estamos sangrando", escreveu Feliciano em seu perfil no Twitter hoje.
O deputado argumentou que apoiou a indicação de Ribeiro, mas que também questionou quando ele "empregou esquerdistas", como uma demonstração de que seu pedido é justo.
"Sendo provada a inocência, retorne ao cargo", completou Feliciano em sua solicitação a Ribeiro.
Apuração do site O Antagonista aponta que mesmo após dizer que "colocaria a cara no fogo" por Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu substitiuir o ministro para evitar mais desgastes.
Na semana passada, segundo informações do colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, Marco Feliciano já disse em uma reunião da bancada evangélica que o assunto era "grave", que o governo estava "sangrando" e que isso refletia nos evangélicos. Na ocasião, de acordo com o colunista, o deputado classificou o áudio de Milton Ribeiro divulgado pela Folha de S.Paulo como "no mínimo imoral".
"Acham que é a bancada evangélica. E não temos nada a ver com isso. A situação ficou ruim, acho que não tem como remediar. O estrago já foi feito", afirmou. "Pesou demais sobre nós. Mais uma vez, como evangélicos, fomos expostos ao ridículo. É péssimo para nós. O ministro deve uma explicação para o Brasil todo. Eu não vejo ele [Milton Ribeiro] como aquilo que nós esperávamos que fosse", completou Feliciano.
Entenda o caso
Na conversa revelada pelo jornal, participaram prefeitos, os dois pastores e lideranças do FNDE. Na reunião, que aconteceu dentro do MEC, o ministro falou sobre o orçamento da pasta, cortes na educação e ainda sobre a liberação de recursos para obras em creches, escolas e quadras ou para a compra de equipamentos de tecnologia.
"Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar [Silva dos Santos]", diz o ministro, na gravação divulgada pelo jornal.
Ribeiro citou também uma contrapartida. "Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas", disse. Na gravação obtida pela Folha, no entanto, o ministro não detalha como isso seria feito.
No ano passado, em evento no MEC com os dois pastores citados na reportagem, prefeitos conseguiram a liberação de recursos para novas obras. Um deles, da cidade de Anajatuba (MA), que tem 27 mil habitantes, obteve seis obras empenhadas. De acordo com a reportagem, a prefeitura nem sequer comprou os terrenos.
Segundo o prefeito do município, Helder Aragão (MDB), ele se encontrou com o pastor Arilton em um hotel da capital federal, mas disse não ter amizade com ele: "Fui até um hotel em Brasília onde tinha vários prefeitos e ele falava que conseguia obra para o FNDE". Aragão garantiu, porém, que não negociou obras com os pastores nem com pessoas do MEC, e que os empenhos foram garantidos pelos meios corretos.
O jornal O Estado de S. Paulo havia revelado a atuação dos dois pastores dentro do MEC. A reportagem afirma que eles aparecem em 22 agendas oficiais da pasta. Eles também teriam participado de compromissos não oficiais com o ministro da Educação.
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