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Moro critica relatório da PF que descarta interferência de Bolsonaro

Imagem mostra o ex-juiz Sergio Moro - Reprodução/Flickr Ministério da Justiça e Segurança Pública
Imagem mostra o ex-juiz Sergio Moro Imagem: Reprodução/Flickr Ministério da Justiça e Segurança Pública

Do UOL, em São Paulo

30/03/2022 20h57

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) criticou hoje o relatório de 150 páginas da PF (Polícia Federal), que descartou a interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL), no comando do órgão, para proteger aliados e familiares.

A Policia Federal produziu um documento de 150 páginas para dizer que não houve interferência do presidente na PF. Mas certamente, as quatro trocas de diretores da PF falam mais alto do que as 150 páginas desse documento. Sergio Moro, nas redes sociais

Após quase dois anos, a investigação da PF sobre a conduta de Bolsonaro concluiu que o chefe do Executivo não cometeu crimes nas supostas interferências que teria feito na instituição. Em documento enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), a PF afirmou que Moro também não pode ser enquadrado em ato criminal. Caberá à PGR (Procuradoria-Geral da República) decidir se arquiva ou não o caso.

As acusações do inquérito vieram de Moro, que em 2020, ao deixar o cargo de ministro, disse que Bolsonaro havia trocado o comando da PF para ter acesso a investigações e relatórios da entidade, o que é proibido pela legislação.

No entanto, o documento de conclusão do inquérito afirmou que "o próprio noticiante, Sergio Moro, declarou não haver qualquer pedido de informações ou ingerência por parte do Presidente da República em investigações conduzidas pela PF".

Dois anos atrás, Moro falou sobre a exoneração do então diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo, dizendo que "houve essa insistência" da parte de Bolsonaro para trocar a liderança do órgão.

"Falei que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo [...] O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações", afirmou.

O chefe do Executivo, no entanto, nunca se mostrou abalado com as acusações. Em 2019, ele afirmou ter sido eleito "para interferir mesmo, é isso que eles querem. Se é para ser um banana ou um poste dentro da Presidência, tô fora".

Há duas semanas, o presidente ignorou as suspeitas e críticas novamente: "Parabéns à PF pela Operação Tarrafa, tem gente presa. A PF não para e ninguém controla, graças a Deus".

Além das diversas trocas em cargos importantes da PF durante o governo Bolsonaro, dados indicam queda de prisões por corrupção. Números obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação) pela agência Fiquem Sabendo apontam que este índice está em queda desde 2019, quando Bolsonaro assumiu a Presidência.

Ano passado, as prisões por corrupção realizadas pela PF tiveram o menor patamar dos últimos 14 anos. Foram 143 prisões entre janeiro e setembro, uma redução de 44% em comparação ao mesmo período de 2020. Não foram informados dados estatísticos dos últimos três meses de 2021.